(R7 – Economia – 24/08/2020)
Giuliana Saringer
O número de pessoas que procuram imóveis com churrasqueira ou varanda gourmet praticamente dobrou durante a pandemia de coronavírus, de acordo com levantamento da plataforma imobiliário Kzas. O isolamento social também motivou mais buscas por lares maiores: as pesquisas por locais com mais de 120 m² dobraram (de 15% para 30%) e cresceram 25% para lares com mais de 200 m².
O levantamento considera os meses de abril a julho em comparação com janeiro a março.
O CEO do Apto, Alex Frachetta, afirma que, segundo análises da plataforma de venda de apartamentos novos, houve o aumento de 6% na busca por imóveis de três dormitórios de abril a maio em comparação aos dois meses anteriores, enquanto o padrão é a busca por studios ou apartamentos de dois dormitórios.
O CMO de Kzas, Allan Fonseca, diz que a pandemia fez com que o formato de trabalho mudasse para muitas pessoas, com a implementação do home office, que veio para ficar em algumas empresas. Essa mudança fez com que as pessoas começassem a procurar imóveis maiores e mais distantes dos grandes centros, para conseguir melhores oportunidades.
“Não é mais prioridade para o público em geral morar perto do trabalho e dos estudos. Faz com que a gente consiga morar mais longe, não ter tempo despendido com trânsito, e passar a dar mais valor a vias com bom acesso a transporte público, longe de transito “, afirma Fonseca. A média de preços dos imóveis é de R$ 700 a R$ 800 mil, o que significa que esta realidade é mais presente para consumidores de classe média alta para cima.
Para Frachetta, se o home office for uma tendência que se consolide no Brasil, o mercado imobiliário deve sentir reflexos positivos. “Eu particularmente acredito que o mercado tende a melhorar se essas tendências de imóveis maiores se confirmarem. Quando você busca um imóvel grande, fica difícil morar bem localizado. Eu acho que pegando na mesma tendência que é a flexibilização do trabalho, fica mais fácil a decisão de uma pessoa morar mais longe, mas ainda assim em um lugar confortável”, afirma Frachetta.
Apesar do aumento das buscas por imóveis, Fonseca diz que o comprador ainda está cauteloso devido à pandemia, sendo que a maioria pesquisa apontam para a compra de imóvel dentro de alguns meses e não imediatamente. “Caiu 21% a quantidade de pessoas que falaram que queriam mudar imediatamente. Tem vindo em maior volume para comprar daqui três, seis meses. Não é imediatista”, afirma Fonseca.
Para Fonseca, a taxa Selic em 2% ao ano e os juros dos créditos bancários mais baixos são fatores que acabam atraindo mais consumidores.
“A pandemia deu uma segurada geral, todo mundo ficou com medo. Tivemos dois meses ruins, houve muita insegurança. Começou a voltar em maio”, afirma.