(Estado de S.Paulo -Economia – 13/07/2020)
Marcelo Dadian
A pandemia do coronavírus trouxe muitas mudanças para a sociedade. O isolamento social contribuiu para que o comércio e as transações online ganhassem força, de modo que empresários e empreendedores tiveram que se adaptar para dar continuidade aos seus negócios. Assim como aconteceu com restaurantes, lojas e serviços, o profissional do setor imobiliário também viu a necessidade de atender clientes remotamente e teve que acelerar o investimento na digitalização de seus processos, revendo a qualidade de seus anúncios e a manutenção do andamento de negociações por meio de contratos digitais.
O mercado de imóveis está passando por mudanças nesses últimos anos com o surgimento e crescimento de plataformas digitais, mas ainda tem muita força no offline. Enquanto a internet serve para atrair possíveis compradores ou inquilinos, o cliente ainda deixa para tomar sua decisão somente após visitar presencialmente o imóvel ou estande de vendas. Porém, com o consumidor cada vez mais acostumado a fazer compras por meio de sites e aplicativos, já não basta colocar anúncios na internet, é imprescindível inserir informações de qualidade e caprichar na valorização do produto ofertado com boas imagens.
Por exemplo, imagine que você irá fazer uma festa na sua casa. Antes de os convidados chegarem, você se preocupa se o ambiente está preparado, o que vai oferecer de petisco e se as pessoas têm instruções suficientes para chegar ao local com sucesso. O anúncio online é igual a uma festa: de nada adianta enviar os convites se o link não funciona, se há poucas fotos, se as imagens são de má qualidade, a a planta baixa está disponível, mas está pequena demais, com a visualização prejudicada. Se a informação que é anunciada é ruim, o resultado também não atingirá as expectativas.
Fotos e vídeos bem feitos são premissas essenciais para alavancar o interesse em um imóvel; investir na qualidade de imagem é a base do negócio digital. A disponibilidade de detalhes técnicos, como mapas e plantas de imóveis, contribui para que o interessado possa avaliar a localização e demais facilidades que compõem o entorno. É importante ressaltar que, atualmente, já é possível simular financiamentos com instituições financeiras.
A decisão de compra, na maioria das vezes, passa pelo ambiente online, indiferente ao tipo do imóvel ou momento que estamos experimentando em confinamento. O consumidor vem aprendendo a fazer pesquisas e a negociar em ambientes virtuais, ficando mais exigente com o que lhe chama atenção e de onde vale a pena investir seu tempo e dinheiro. E se os padrões de qualidade não forem atendidos, há agora uma variedade ainda maior de concorrentes para ele aprofundar suas buscas, ter uma boa experiência e concluir um bom negócio.
Por isso, mais do que nunca, o mercado imobiliário terá que mudar para acompanhar o consumidor, e quem não se atualizar corre sério risco de ficar para trás. A transformação digital já está acontecendo, inerente a vontade de empreendedores e empresários. O corretor de imóveis deve aprender a digitalizar seus negócios para não perder o cliente, indo além dos atendimentos por aplicativos de mensagens.
Algumas recomendações básicas podem contribuir muito para alavancar os negócios imobiliários. Que tal investir em fotos em alta resolução, vídeos caminhando pelo imóvel para mostrar os pontos fortes e simular uma visita? Ou então, detalhar mais a descrição do anúncio para tirar dúvidas comuns? É um caminho sem volta pelo qual o mercado já está passando. A pandemia acelerou esse processo e levou os consumidores junto. Agora, os profissionais do mercado imobiliário precisam correr para alcançá-los, ou a distância será cada vez maior.