(Jornal do Comércio – Notícias – 22/10/2019)
Os índices de evolução de emprego e de atividade do setor da construção chegaram ao melhor nível dos últimos seis anos. O cenário foi apontado pela Sondagem Indústria da Construção divulgada, no final de setembro, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O estudo, que mostra otimismo das empresas com o futuro próximo, ouviu 523 companhias do setor e indicou que, apesar do ritmo ainda lento, a construção civil segue dando sinais de que está recuperando o vigor do período pré-crise econômica.
Em agosto, o índice de evolução da atividade cresceu 0,8 ponto, alcançado 49,2 pontos, e o índice de evolução do número de empregados subiu 0,6 ponto em comparação com o mês de julho, chegando a 49,9 pontos. Embora ainda abaixo dos 50 pontos - patamar que indica encolhimento do setor -, os indicadores espelham melhora em todos os meses de 2019.
Apesar disso, as empresas da construção civil permanecem com elevada ociosidade. Em agosto, a Utilização da Capacidade Operacional ficou em 58%, índice um ponto percentual maior que o verificado no mês anterior e dois pontos acima do nível de 12 meses atrás.
Já o indicador de intenção do investimento do empresário da construção subiu para 37,2 pontos, segunda marca mais elevada de 2019 e acima da média histórica de 33,7 pontos. A pesquisa mostra expectativas positivas em relação ao nível de atividade e à compra de insumos e matérias-primas, indicadores que subiram para 54,8 pontos e 53,7 pontos, respectivamente, apontando expectativa de aumento de demanda nos próximos seis meses. Por outro lado, os novos empreendimentos e serviços apresentaram leve recuo, de 0,6 ponto e de 0,2 ponto, respectivamente.
Em setembro, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (Icei-Construção) revelou otimismo do setor com a conjuntura, sobretudo com o presente. Com alta de 1,3 ponto, frente a agosto, o Índice de Condições Atuais puxou o aumento de 0,4 ponto no Icei-Construção, no comparativo. Na contramão, o Índice de Expectativas - que mensura o que o empresário espera para os próximos seis meses - caiu pelo segundo mês consecutivo, desta vez, em 0,3 ponto, devido à piora nas expectativas em relação à economia.
Nova modalidade de financiamento oferece taxas mais baixas
Procurando estimular a comercialização de imóveis para habitação, a Caixa Econômica Federal lançou, no final de agosto, uma nova modalidade de financiamento imobiliário, que utiliza a inflação para definir o valor das parcelas. Diferente do modelo atual, que corrige as parcelas por um juro fixo acrescido da TR, uma das taxas de juros de referência do Banco Central, a nova opção usa o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do País, também acrescido de um juro fixo.
Atualmente, a TR está zerada, e os juros oferecidos pela Caixa no financiamento imobiliário, por este modelo, vão hoje de 8,5% a 9,5% ao ano, de acordo com o grau de relacionamento do cliente com o banco. Pela nova modalidade, sai a TR, a 0%, e entra o IPCA, que gira entre 3% e 4% ao ano. Mas os juros adicionais, por outro lado, ficam menores: de 3,25% a 4,95% ao ano, também conforme o grau de relacionamento do cliente com a Caixa. Significa que para uma inflação de 3,5% em um ano, por exemplo, o juro máximo chegaria a 8,45% ao ano.
Não por acaso a modalidade vem conquistando os consumidores, que já tiveram mais de R$ 5 bilhões em financiamentos aprovados pela Caixa. E despertou também a atenção de outras instituições financeiras, interessadas em abocanhar uma fatia dessa clientela. Bancos como Itaú e Bradesco, por exemplo, também já modelam ofertar crédito para compra de imóveis corrigido pelo IPCA, mas com foco em clientes de média e alta renda.