O faturamento das vendas consolidadas de materiais de construção teve crescimento real de 1,2% de janeiro a setembro, na comparação anual, conforme dados da Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat). O desempenho foi puxado pela comercialização de materiais da indústria para o varejo. A entidade mantém a expectativa de que o faturamento deflacionado crescerá 1,5% em 2018, interrompendo sequência de três quedas consecutivas.
"O desempenho do setor será melhor em 2019 do que neste ano", afirma o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro. Há expectativa, de acordo com o representante setorial, que haja continuidade da expansão da demanda de materiais para reforma, aumento na procura de produtos para edificações e, no segundo semestre, retomada das obras de infraestrutura. Navarro diz esperar que essa retomada ocorra seja qual for o novo presidente eleito - Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT).
"A necessidade de geração de empregos está nos planos de trabalho dos dois candidatos. Obras de infraestrutura geram emprego imediato e consumo de matérias-primas", ressalta Navarro. O presidente da Abramat afirma que se espera também manutenção do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida independentemente do nome do vencedor da eleição.
"Temos levado propostas aos candidatos e também ao Temer [Michel Temer, presidente da República]", acrescenta. Entre os temas apresentados, estão propostas relacionadas a questões tecnológicas, como a plataforma de modelagem de informações da construção (BIM, na sigla em inglês) e a indústria 4.0. A Abramat defende que o setor tenha, cada vez mais, conformidade técnica e fiscal, além de capacitação. A entidade tem se movimentado também para aproximar de seus associados startups ligadas a materiais.
A redução das taxas de juros do crédito habitacional e a entrada em vigor de novas regras para financiamento imobiliário prevista para 1º de janeiro contribuem para as perspectivas positivas para o setor de materiais de construção. "Há investidores de fora aguardando a definição do novo governo para voltar", acrescenta Navarro.
Segundo o presidente da Abramat, o desempenho do setor até setembro poderiam ter sido melhor se não fosse a greve dos caminhoneiros e o repasse para os preços das altas de custos decorrente da valorização do dólar ao longo deste ano.
Dados da Abramat apontam que a expansão acumulada dos 12 meses encerrados em setembro é de 2,1%. Isoladamente, as vendas do mês de setembro aumentaram 2,7% ante as do mesmo mês do ano passado e cresceram 1,5% em relação às de agosto. A Abramat registrou alta de 2,4% na comercialização de materiais de base, na comparação anual, e expansão de 3,1% de itens de acabamento.
De janeiro a setembro, o faturamento das vendas do varejo de materiais de construção cresceu 5,5%. O desempenho ficou em linha com a estimativa da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) para o ano, segundo o presidente da entidade, Cláudio Conz.
A fabricante de duchas, chuveiros elétricos, metais sanitários e purificadores de água Lorenzetti aumentou suas vendas em 7% até setembro, de acordo com o vice-presidente executivo, Eduardo Coli. A Lorenzetti estima crescimento de 8% no faturamento de R$ 1,28 bilhão do ano passado. A projeção inicial era de alta de 10%, mas o crescimento da economia abaixo do esperado e o elevado nível de desemprego resultaram em expansão abaixo da estimativa do começo de 2018.
Para o próximo ano, a expectativa de Coli é que o setor tenha "um ano bom". "Quem assumir [a presidência da República] vai fazer algo para o país voltar a crescer", diz o executivo da Lorenzetti.
Sem informar números absolutos, o diretor comercial da Mexichem Brasil, Adriano Andrade, informou que as vendas da empresa direcionadas para a construção cresceram de quatro a cinco vezes o faturamento do setor. A empresa é dona das marcas Amanco, Plastubos e Bidim.
De acordo com Andrade, o desempenho está em linha com a expectativa da Mexichem e resulta de investimentos em novos produtos. O desempenho esperado para o setor, em 2019, é superior ao deste ano. O executivo cita a manutenção da demanda de materiais para reformas, a retomada do mercado imobiliário e o início da volta das obras de infraestrutura pesada.