A Trisul estima que no seu novo ciclo imobiliário - projetado para até 2020 - seu tamanho de lançamentos anuais ficará na faixa de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões. O patamar foi alcançado em 2017, quando o Valor Geral de Vendas (VGV) lançado cresceu 66%, para R$ 683 milhões, acima da projeção de R$ 600 milhões a R$ 650 milhões. No quarto trimestre, a companhia apresentou R$ 222 milhões ao mercado, com alta de 84%.
Segundo o presidente da Trisul, Jorge Cury, a incorporadora tem estrutura e terrenos para os lançamentos projetados, mas o VGV apresentado dependerá do mercado, que pode ser afetado, neste ano, pelas eleições. A empresa desenvolve, principalmente, projetos para os padrões médio-alto e alto nos chamados eixos estruturantes (próximos de metrôs e corredores de transportes público, onde o potencial construtivo aumentou com o novo Plano Diretor de São Paulo) das zonas Oeste e Sul da cidade de São Paulo. Os desembolsos com compra de terrenos com esse perfil ficaram entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões em 2017.
A Trisul ainda lança projetos enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida, nos terrenos que já possui em carteira, mas não busca novas áreas para o segmento.
Na avaliação de Cury, o novo ciclo imobiliário começou, no ano passado, com a redução da taxa básica de juros Selic para 7% e com a interrupção da queda de preços dos imóveis de médio-alto e alto padrão. "Nesses segmentos, não há estoque no mercado, os produtos bons são limitados. Já está havendo recuperação de preços", conta o empresário.
Em 2017, as vendas líquidas da Trisul cresceram 59%, para R$ 552,8 milhões. Desconsiderando-se os distratos, as vendas brutas chegaram a R$ 639 milhões, dentro da meta de R$ 550 milhões a R$ 650 milhões. Segundo o presidente, as rescisões foram reduzidas, e investidores têm retornado ao mercado. No quarto trimestre, as vendas líquidas aumentaram 153%, para R$ 172,7 milhões.
Cury conta que a Trisul considerou fechar seu capital em função da baixa liquidez de suas ações. No segundo semestre de 2017, porém, com a saída de alguns fundos de sua base acionária, os papéis da companhia foram pulverizados - desde setembro, o número de acionistas passou de 280 para 980 -, e o volume negociado cresceu. Houve valorização de 45,55% nas ações no segundo semestre. "Com liquidez e valorização, deixou de fazer sentido fechar o capital", diz Cury. A companhia abriu seu capital em outubro de 2007 e tem "free float" de 27,74%.
Além de Cury, a Trisul tem Michel Esper Saad Junior, José Roberto Cury, José Sayeg e Flávia Mattar Sayeg Michaluá no controle. Jorge Cury, Saad e José Roberto Cury estão no conselho, composto também por Ronaldo José Sayeg e por Carlos Eduardo Parente de Oliveira Alves. "Cada vez mais, a nova geração tem assumido posições importantes na empresa", diz.