(O Estado de S. Paulo – Economia e Negócios – 10/01/2019)
Há sinais de que o mercado de financiamentos à moradia poderá se expandir mais rapidamente em 2019 e nos próximos anos. Isso será possível com a adoção de novas políticas, tanto na captação como na aplicação de recursos, permitindo aproximar demanda e oferta de crédito.
No plano da captação, além do elevado volume de recursos já disponível para aplicar em financiamentos habitacionais, provenientes das cadernetas de poupança, os bancos contarão com uma nova fonte de capitais, originária da colocação de Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs). As primeiras emissões de LIGs foram feitas em dezembro.
Tão logo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central (BC) regulem as ofertas públicas e os lançamentos para o mercado externo, o mercado de LIGs tenderá a se expandir.
Quanto à aplicação de recursos, alguns bancos já estariam estudando o atendimento de uma demanda antiga de construtoras e incorporadoras. Trata-se do financiamento bancário aos mutuários finais desde o lançamento das obras.
Hoje, as operações com o consumidor final só ocorrem por ocasião da entrega do imóvel, quando o comprador na planta assume o financiamento. Assim os bancos evitavam o risco dos distratos, que recaía sobre os produtores de habitação.
Mas, com a chegada da lei dos distratos, está prevista uma redução de riscos. O custo de distratar será tão alto que afastará os compradores na planta que não estiverem muito seguros quanto à sua capacidade de pagar as prestações durante a construção.
Para as incorporadoras, o financiamento bancário ao mutuário final reduzirá os riscos. Para os bancos, o interesse vem da característica especial dos financiamentos imobiliários. Trata-se de operações de longo prazo, durante o qual o cliente tende a realizar outras operações com a instituição. É a chamada fidelização dos clientes, que os bancos prezam muito.
A maior participação dos bancos desde o início das obras, se de fato ocorrer, conferirá mais segurança a todo o mercado imobiliário. Isso significará uma ampliação do mercado de imóveis, que ficou estagnado por vários anos e, lentamente, começa a reagir. A retomada da construção significará mais investimentos e contribuição expressiva ao soerguimento da economia.