(Folha de S. Paulo – Morar – 02/12/2018)
Gilmara Santos
O uso de tecnologia e automação, antes restrito aos imóveis de alto padrão, começa a ganhar espaço em apartamentos voltados para a classe média.
Segundo a Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial), nos últimos anos os custos de instalação caíram cerca de 50% para o consumidor final.
Ainda assim, no Brasil apenas 300 mil casas, de um total de 60 milhões de residências, têm algum tipo de automação. Para Luiz Roberto Muratori, diretor-executivo da Aureside, a expectativa é que em dois anos a tecnologia chegue a 2 milhões de casas.
"Temos uma nova geração de compradores muito mais conectados. Mesmo em imóveis compactos a automação se faz presente para garantir mais segurança, conforto, eficiência e entretenimento", diz.
Estudo da entidade mostra que controle de iluminação, home theater e som ambiente, redes sem fio e aplicativos para tablets são os itens mais procurados por brasileiros.
"Nossos empreendimentos de alto padrão já são entregues com automação. Agora estamos incorporando esse item também no Platina, que tem imóveis de 35 a 50 metros quadrados no Tatuapé [zona leste]", diz Fábio Rodrigues, da Porte Engenharia.
Ele explica que a empresa deixa um painel de acesso instalado em todas as unidades e entrega para o proprietário um tablet ou celular com um aplicativo instalado para fazer o controle da iluminação e das persianas.
"Toda a infraestrutura fica preparada e, caso o morador queira, pode ampliar para outros itens, como áudio e vídeo ou ar-condicionado", diz o executivo. Aquecimento solar e reaproveitamento de água são outros diferenciais dos empreendimentos.
A Tarjab também aposta na automação. "É um atrativo para o empreendimento e tem um custo de apenas 2% a 3% do valor da obra", afirma Sérgio Domingues, diretor-técnico da construtora.
Entre as novidades, Domingues destaca a portaria virtual. "Por meio de um tablet, o morador conversa e libera a entrada de visitantes sem necessidade de intermediação da portaria. É possível deixar recado, caso ele não esteja em casa. Isso leva à redução do valor do condomínio."
Nos prédios da incorporadora, a irrigação das áreas verdes é automatizada, o que reduz despesas com mão de obra. Os imóveis têm também um sistema de reúso de água do lavatório e do chuveiro para a descarga, o que gera uma economia de cerca de 30%.
"Nossos empreendimentos são concebidos com viés de sustentabilidade, sempre tentando usar o mínimo de recursos naturais. A automação contribui neste processo", afirma Domingues.
As 182 unidades do Atemporal Pompeia, da Construtora Trisul, que medem entre 69 e 105 metros quadrados, podem ser automatizadas com controle de iluminação, sons, persianas e controle de portas. O custo dos serviços parte de R$ 15 mil.
"A ideia é oferecer mais conforto e deixar toda a infraestrutura preparada para automação", diz Carlos Yazbek, gerente da construtora Trisul.
Yazkeb diz que esse é o primeiro empreendimento totalmente inteligente da construtora, mas será apenas a porta de entrada para os próximos. "Será como o reúso de água, hoje entregue em todos os prédios da companhia.
O sistema que permite a reutilização de águas usadas no banho, por exemplo, para limpeza de áreas externas possibilita uma economia de 15% na conta de água", avalia.
O Grand Reserva Paulista, empreendimento da MRV em Pirituba, conta com 7.300 unidades e itens como energia solar, iluminação por sensores em áreas comuns, cabeamento para instalação de monitoramento de segurança e elevador com drive regenerativo, que resulta em um menor gasto de energia elétrica.
"Permitir essa vivência de automação num preço viável é um grande desafio, mas nós conseguimos", diz o gestor-executivo Flávio Vidal, da MRV.