(Valor Econômico – Empresas – 21/08/2019)
Chiara Quintão
A linha de crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal com saldo devedor atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem duas vantagens e uma desvantagem, no entendimento do presidente do Secovi-SP, Basílio Jafet.
“Os títulos gerados são facilmente securitizados, possibilitando mais operações do mercado imobiliário. Além disso, a taxa de juros da nova linha é menor”, afirma Jafet. Ele ressalta que mais compradores de imóveis poderão ser tomadores de crédito.
Por outro lado, há o risco de alta dos financiamentos desse modelo em caso de aumento relevante da inflação. “Há um risco se a inflação se desgarrar, mas não houve desgarramento nos últimos anos”, diz o presidente do Secovi-SP.
MCMV - A linha vai significar, quando estiver madura — no prazo de 12 a 18 meses — produção de 500 mil moradias adicionais por ano, segundo Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia e presidente do conselho da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
“O anúncio é explosivo”, afirma. Na avaliação do empresário, a medida é “um vento de cauda para o setor só comparável ao anúncio do Minha Casa, Minha Vida”. Trata-se, segundo Menin, de proposta sustentável em um cenário de queda da taxa de juros. O anúncio vai ao encontro, na avaliação do fundador da MRV, da esperada expansão da Letra Imobiliária Garantida (LIG).
O presidente-executivo da Abrainc, Luiz Antonio França, afirma que o anúncio é “extremamente positivo para o setor”. “A operação garante a perenidade e a sustentabilidade do crédito imobiliário, com prestação bastante inclusiva”, diz França. O representante setorial ressalta que, no Brasil, o crédito imobiliário representa 9,6% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 16% do Chile e dos 68% dos Estados Unidos.
Inflação - O diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emílio Fugazza, avalia a linha como “um marco bastante importante para o setor”.
“Esse financiamento precifica um novo Brasil, que receberá os investimentos necessários e em que a inflação tende a estar controlada”, diz o diretor de relações com investidores da EZTec, acrescentando que não se espera altas relevantes da inflação nos próximos anos e que as reformas estão sendo feitas.
“Mesmo com a Selic na mínima histórica, as taxas de juros cobradas pelos bancos no crédito imobiliário carecem de muitos ajustes”, diz Fugazza. Com taxas menores, ressalta o executivo, mais pessoas poderão ter acesso a crédito imobiliário.
Expansão - Na avaliação do presidente da Vitacon, Alexandre Frankel, a oferta de crédito imobiliário e o poder aquisitivo dos compradores vão crescer,.
“Haverá uma amplificação do crédito. A TR é uma jabuticaba, enquanto o IPCA é um índice amplamente difundido”, diz Frankel, acrescentando que o setor está estudando o impacto da nova forma de financiamento nas parcelas. O presidente da Vitacon ressalta que os papéis gerados com o novo modelo de financiamento poderão ser negociados no mercado secundário.