MRV Engenharia, Tenda e Gafisa abrem, nesta semana, a temporada de balanços referente aos números do quarto trimestre de 2017 das incorporadoras. Com atuação concentrada no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, MRV e Tenda devem ser os destaques positivos do trimestre, com crescimento de lucro líquido e receita líquida. Já a maior parte das incorporadoras com produção direcionada para as rendas média e alta, cuja demanda foi mais afetada nos últimos anos pela piora da economia e pelos distratos, tende a apresentar resultados piores do que os do quarto trimestre de 2016.
Para a MRV - maior empresa do setor -, a média das projeções de Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú BBA e JP Morgan aponta para crescimento de 18% do lucro líquido, para R$ 168 milhões. Já a receita líquida aumentou 21,4%, para R$ 1,295 bilhão, conforme a média das estimativas. O BTG estima margem bruta ajustada de 37,2%, e o Itaú BBA, de 37,7%. A incorporadora já divulgou geração de caixa de R$ 38 milhões no trimestre.
O Bradesco ressalta que a MRV divulgou forte desempenho operacional, apesar de todos os ruídos referentes à Caixa Econômica Federal e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O banco mantém MRV e Tenda como suas top picks no setor. Segundo o Bradesco, a Tenda é o nome mais atrativo entre as empresas que vem cobrindo, seguida pela concorrente mineira. A instituição cita que a Tenda tem mostrado forte desempenho operacional e que o banco de terrenos deixou de ser um risco para os seus lançamentos.
A média das estimativas dos quatro bancos indica que o lucro líquido da Tenda subiu 57%, para R$ 31,4 milhões e que a receita líquida cresceu 25%, para R$ 359,6 milhões. O Itaú espera que a geração de caixa da Tenda seja da ordem de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões, considerando-se estabilidade dos repasses dos recebíveis dos clientes para os bancos em relação aos do terceiro trimestre.
No caso da mineira Direcional, que também atua na baixa renda, a média das previsões dos mesmos bancos para o prejuízo líquido é de R$ 34,3 milhões, com queda de 47%. Já a receita líquida caiu 15%, para R$ 177,9 milhões. O BTG projeta que a companhia tenha queimado caixa de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões no quarto trimestre. O Itaú avalia, porém, que a geração de caixa deve ter ficado próxima de zero devido aos impactos negativos de distratos elevados para a Direcional.
No caso de Cyrela - principal incorporadora com atuação nas rendas média e alta -, a projeção média dos analistas das quatro instituições financeiras é de queda de 14% do lucro líquido, para R$ 26,7 milhões. A média das estimativas indica que a receita líquida caiu 11,8%, para R$ 810,4 milhões. Há expectativa de que a Cyrela tenha registrado forte geração de caixa no período. O BTG projeta fluxo de caixa livre de R$ 250 milhões, enquanto o Itaú BBA estima R$ 150 milhões, principalmente em decorrência das vendas de unidades prontas.
Em relação à Gafisa, os analistas apontam redução expressiva do prejuízo líquido - de R$ 1,02 bilhão para perda de R$ 125,5 milhões. Já a receita líquida mostra queda de 24,6%, para R$ 198,9 milhões. O Itaú BBA indica geração de caixa de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões no trimestre, enquanto o BTG estima R$ 20 milhões.
A média das quatro instituições para a Even é de prejuízo líquido de R$ 35,9 milhões, 37,9% superior na comparação anual. A receita líquida aumentou 1,3%, para R$ 399,2 milhões, de acordo com a média das estimativas. Em função dos volumes de entrega consideráveis apresentados pela Even no trimestre, o Itaú BBA espera que a companhia apresente geração de caixa considerável no período. A projeção do BTG é de fluxo de caixa livre de R$ 80 milhões.
Para a EZTec, a projeção é de queda de 78% no lucro do trimestre passado, a R$ 15 milhões. A receita líquida caiu 65%, para R$ 52,3 milhões, conforme a média das estimativas. O BTG espera que a margem bruta da incorporadora seja reduzida para 42,5%, ante 49,4% no terceiro trimestre de 2017 e 56,6% no quarto trimestre de 2016. A queda resulta, segundo o banco, de descontos mais elevados para acelerar a venda de estoques e de menores economias de custo.