Duas pesquisas nacionais divulgadas este ano, uma da Fipe e outra da Abecip, mostram que os preços de imóveis residenciais em Salvador começam a subir pela primeira vez desde a crise de 2014. Agentes do mercado imobiliário acreditam que essa tendência deve se manter, pelo menos, até 2020, quando devem ficar prontas as unidades habitacionais de classe média que foram lançadas no fim de 2017, período em que construtoras e incorporadoras voltaram a se animar com a possibilidade de oferecer novos prédios após a redução do estoque de apartamentos disponíveis na cidade. No fim do ano passado, havia 3.719 por serem comercializados, quase metade do que havia no auge da crise (cerca de 7 mil).
"Haverá um hiato nos próximos anos, até que os lançamentos fiquem prontos e isso vai permitir um aumento nos preços", avalia o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos, que acredita na manutenção do ritmo indicado pelas pesquisas. Nos dois levantamentos, a realidade da capital baiana destoa da média nacional.
A Pesquisa Fipe realizada em 20 cidades, de janeiro para fevereiro deste ano, apontou queda de 0,05% nos preços em fevereiro deste ano, mas em Salvador houve um aumento de 0,13%, o quarto maior acréscimo registrado, depois de Florianópolis (0,34%), Curitiba (0,23%) e São Paulo (0,18%). Já a pesquisa feita pela Abecip em janeiro, em nove capitais, mostrou que Salvador e São Paulo foram as duas cidades que registraram aceleração nas taxas acumuladas em 12 meses. De dezembro de 2016 a dezembro de 2017, o Índice Geral do Mercado Imobiliário (IGMI) utilizado pela Abecip captou um crescimento de 0,24% nos preços da capital baiana. Entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018, o crescimento foi ainda maior, 0,41%.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Samuel Arthur Prado, também vê uma curva de recuperação dos preços, mas não acredita que ela mantenha o mesmo vigor até 2020. "Eu acredito em crescimento por algum tempo, mas depois deve haver uma estabilização", declara Prado.
O economista Edísio Freire acredita que a recuperação dos preços é um fenômeno que já aconteceu mais ao sul do país e que agora começa a se verificar com mais força em Salvador. As três cidades que tiveram índices maiores do que os de Salvador segundo a pesquisa da Abecip são das regiões Sul (Florianópolis e Curitiba) e Sudeste (São Paulo). Mas Freire condiciona o comportamento dos preços do mercado imobiliário nos próximos meses a outros fatores, como a taxa de juros. que na opinião do economista ainda são um grande problema para a classe média financiar a compra de um imóvel. “Sem levar em conta os imóveis do Minha Casa Minha Vida, a maioria dos apartamentos custa menos de R$ 300 mil. E é nessa faixa que está a maior dificuldade para fazer financiamento. Para quem tem dinheiro disponível para comprar à vista, esse é um ótimo momento para fechar negócio”, diz o economista.
Sobre a localização dos imóveis que devem ser lançados nos próximos anos, Carlos Henrique Passos cita Pituba, Barra e Graça como destinos naturais, mas destaca que as obras de mobilidade realizadas na cidade, tanto com a expansão do metrô, quanto com a construção de novas vias trouxeram maior fluidez ao trânsito e devem beneficiar regiões como a Avenida Paralela, Patamares, Piatã e bairros no miolo da cidade. “A melhoria no tráfego também se reflete na valorização dos imóveis”, disse.