A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) e a Microsoft firmaram uma parceria para criar aplicações de inteligência artificial nos canteiros de obras. O escopo das ferramentas a serem empregadas é aberto, pois é uma parceria de coinvestimento para desenvolvimento tecnológico que poderá resultar na descoberta de aplicações que, eventualmente, serão patenteadas e poderão atender à indústria. Uma das tecnologias já mapeadas é o video analytics, ou vídeo analítico. É a inteligência que analisa as imagens dos vídeos e detecta, via uma varreção contínua em 100% do tempo, o que se quer para um negócio.
Se alguém estiver sem capacete em uma obra ou em situação de risco, as câmeras vão detectar e farão alertas para os supervisores tomarem ações específicas. Isso sem que haja alguém monitorando essa obra só fisicamente. "A estrutura de segurança dessa obra muda completamente porque você não estará fazendo isso só em determinados momentos, mas em 100% do tempo", afirma Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil. Com um algorítimo de leitura de inteligência artificial treinado para interpretar que aquela situação é de risco e, dentro do sistema, disparar o alerta, a possibilidade de algo não ser identificado é zero, diz a executiva.
Outra aplicação é identificar a circulação de pessoas em locais de risco. Ao disparar alertas quando isso ocorrer e, consequentemente, criar uma cultura em que as pessoas deixem de transitar em locais inapropriados, é possível aumentar a velocidade de deslocamento dos equipamentos na obra.
Segundo Fábio Januário, presidente da OEC, a indústria da construção é uma das que menos embarcaram tecnologia no negócio - daí o desafio. Enquanto o mundo já fala em indústria 4.0, o mercado global de construção ainda faz movimentos para migrar para a indústria 2.0. A intenção é transformar a OEC em uma empresa de inovação digital para além da engenharia e construção. "Todas as indústrias estão se transformando. Não importa qual seja a indústria, todas as empresas serão empresas de tecnologia", diz Paula.
O memorando de entendimentos da parceria foi assinado na sexta-feira. Não há um número definido de investimentos das partes, justamente porque é uma lógica aberta - à medida que a demanda exigir, os desembolsos ocorrerão.
O plano é começar a aplicar o vídeo analítico imediatamente no Brasil e, à medida que a ferramenta estiver bem apurada, nos demais canteiros, adequando as exigências às especificidades de cada obra. Até o fim do primeiro trimestre de 2019 a aplicação deve estar introduzida em ao menos um canteiro de obras no Brasil.
Carlos Hermanny Filho, diretor executivo de Engenharia, Inovação e Sustentabilidade da OEC, se diz "positivamente surpreso com o nível de ignorância que temos" sobre o alcance da tecnologia disponível. "As aplicações são infinitas", acrescenta Fábio Januário.