A MRV Engenharia pretende se consolidar, neste ano, como uma companhia de 50 mil unidades. Se os volume lançados, vendidos e concluídos no segundo semestre de 2017 forem anualizados, a companhia atingiu o patamar na maior parte dos indicadores. Faz parte dos planos da MRV que, futuramente, a marca de 60 mil unidades seja alcançada, mas o copresidente Rafael Menin prefere não informar como será o crescimento gradual para bater essa meta.
"Somos uma empresa mineira, conservadora. Pouco a pouco chegamos lá", diz Menin.
Á MRV tem a intenção de elevar lançamentos, neste ano, em relação ao Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 5,627 bilhões de 2017. "O governo quer mais contratações no Minha Casa, Minha Vida do que no ano passado. Tem havido mais procura por imóveis pela internet e nas lojas físicas", diz o copresidente da MRV.
Incorporadora mineira e concorrente Tenda apresentaram lucro líquido do 4º trimestre superior às estimativas
No ano passado, o lucro líquido da MRV cresceu 17,3%, para R$ 653 milhões. A receita líquida aumentou 12%, para R$ 4,76 bilhões. A margem bruta aumentou de 32,8% para 33,9%, O Ebitda cresceu 40%, para R$ 892 milhões. "A MRV voltou a crescer e saiu da crise mais rentável", ressalta o copresidente. Na avaliação de Menin, o planejamento da companhia durante a crise, entre 2014 e 2016, com a aquisição de volume elevado de terrenos, foi "muito assertivo". Ontem, a incorporadora anunciou distribuição de R$ 155 milhões em dividendos extraordinários no segundo trimestre.
No quarto trimestre, a companhia teve lucro líquido de R$ 180 milhões, com alta de 27,1%. Houve crescimento de 28,7% na receita líquida, para R$ 1,372 bilhões. A MRV teve margem bruta de 33,7%, estável ante o indicador do quarto trimestre de 2016. O Ebitda aumentou 68,2%, para R$ 269 milhões. A fatia das despesas com vendas, gerais e administrativas caiu de 18,9% da receita líquida, no quarto trimestre de 2016, para 16,7%. O retorno sobre patrimônio (ROE) chegou a 13%, no trimestre, com expansão de 2,1 ponto percentual na comparação anual.
O lucro líquido trimestral da MRV superou em 7,1% a média das projeções de Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú BBA e J.P. Morgan, que era de R$ 168 milhões. Já a receita líquida ficou 5,9% acima da média estimada, de R$ 1,295 bilhão.
Também focada no programa Minha Casa, Minha Vida, a Tenda apresentou lucro líquido de R$ 36,2 milhões no quarto trimestre. O lucro teve expansão de 79,4% ante o mesmo período de 2016. A receita líquida da incorporadora cresceu 24,5%, para R$ 357,2 milhões. A margem bruta, que era de 33,4% no quarto trimestre de 2016, subiu para 35,5% de outubro a dezembro.
A Tenda informou Ebitda ajustado de R$ 58,5 milhões, com alta de 23,4% na comparação anual. No quarto trimestre, as despesas gerais e administrativas corresponderam a 5,6% dos lançamentos, ante a fatia de 7,4% nos três últimos meses de 2016.
O lucro líquido registrado pela Tenda no quarto trimestre de 2017 foi 15,2% superior à média das estimativas do Bradesco BBI, Itaú BBA e J.P. Morgan, que era de R$ 31,4 milhões. A receita líquida da incorporadora ficou em linha com a média das estimativas, de R$ 359,6 milhões.
A Tenda gerou caixa de R$ 74,9 milhões, no trimestre, e de R$ 239 milhões no acumulado do ano passado. Esses dados não consideram o efeito da redução de capital para a Gafisa. Em relatório, a companhia ressaltou que, em novembro, questões relacionadas a incertezas quanto à "capacidade da Caixa Econômica Federal de continuar exercendo seu papel de financiador do setor" foram normalizadas, o que permitiu a geração de caixa no trimestre.
De acordo com a Tenda, a "eficiência em repasses e consequente geração de caixa" possibilitou à companhia sólida estrutura de capital. Em 31 de dezembro, o caixa da companhia era de R$ 497,7 milhões, e a dívida bruta, de R$ 270,2 milhões. Na prática, a empresa encerrou o ano com caixa líquido de R$ 227,6 milhões.
A Tenda registrou pico de processos judiciais no ano passado. De acordo com a companhia, esse volume terá redução mais efetiva a partir de 2019. No quarto trimestre, as despesas com demandas judiciais aumentaram 144%, para R$ 51,8 milhões. Houve crescimento pontual no volume de distratos da Tenda.
Já a Gafisa reduziu seu prejuízo líquido em 54%, no trimestre, para R$ 462,62 milhões. A receita líquida teve queda de 38%, para R$ 164,7 milhões. No trimestre, os lançamentos caíram 69,9% e as vendas recuaram 65,8%.
A Gafisa teve margem bruta negativa de 103,7%, em decorrência do "impairment" (baixa contábil) de alguns terrenos e de unidades em estoque. As despesas gerais e administrativas da Gafisa caíram 25,7%, para R$ 24,2 milhões. A companhia registrou outras despesas operacionais de R$ 150,3 milhões, impactadas pelo "impairment" de Alphaville Urbanismo e de despesas mais elevadas com demandas judiciais, em função de processos de arbitragem.