(Valor Econômico – Finanças – 14/11/2018)
Álvaro Campos
Embora a concessão de crédito ainda não tenha ganhado fôlego, como aconteceu com os maiores bancos privados do país, o lucro do estatal gaúcho Banrisul subiu fortemente no terceiro trimestre, impulsionado especialmente pela queda nos gastos com provisão para devedores duvidosos (PDD).
O Banrisul teve lucro de R$ 290,2 milhões no terceiro trimestre, uma alta de 31,6% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 10,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior. O resultado bruto da intermediação financeira ficou em R$ 1,181 bilhão, com crescimento anual de 31,5%.
Nos nove primeiros meses de 2018, o lucro chega a R$ 796,1 milhões, com alta de 48,4%. "A evolução do período foi influenciada, especialmente, pela expansão da margem financeira, ampliação das despesas administrativas, pela retração das despesas de PDD e pelo crescimento de outras despesas operacionais", diz o relatório da administração.
A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 31,742 bilhões, com alta de 4,1% em 12 meses e queda de 0,8% em três meses. A meta do banco para este ano - já revisada para baixo - é de expansão de 3% a 7%.
Na variação anual, a expansão da carteira foi puxada pelo crédito comercial para pessoa física (com alta de 13,4%), em especial o aumento do crédito consignado, e do imobiliário, o que ajudou a compensar a redução de 10,5% dos empréstimos para pessoa jurídica.
As despesas com provisão para devedores duvidosos ficaram em R$ 247,6 milhões, com queda de 34,1%. O índice de inadimplência ficou em 2,91% no terceiro trimestre, de 3,37% no segundo e 4,30% no terceiro trimestre do ano passado. O retorno (ROAE) recorrente anualizado atingiu 17,3% no terceiro trimestre, de 13,9% no terceiro trimestre do ano passado.
No balanço, o Banrisul afirmou que a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da sua unidade de cartões continua paralisada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aguardando melhores condições de mercado.
Em abril, assembleia geral extraordinária aprovou uma redução de capital de R$ 353,281 milhões do Banrisul, atrelado à listagem da subsidiária de cartões na Bolsa. A cada duas ações do banco, o acionista receberia uma ação preferencial da Banrisul Cartões. Se a listagem não ocorrer até 15 de dezembro, a restituição aos acionistas se dará mediante pagamento em dinheiro.
Na parte do balanço que fala sobre o guidance para 2018, o Banrisul afirma que as previsões foram elaboradas tomando como premissa a liquidação em dinheiro da redução de capital. "Se o pagamento da redução de capital for efetuado por meio da entrega de ações da Banrisul Cartões, pela eventual abertura de capital da subsidiária ainda em 2018, os impactos advindos deste evento serão tratados como extraordinários", diz o texto.
A Banrisul Cartões administra a rede de adquirência Vero e a emissão de cartões de benefícios e empresariais BanriCard. Nos nove meses de 2018, a receita operacional bruta da empresa somou R$ 449,9 milhões, com crescimento de 2,4% em relação ao mesmo período de 2017. O lucro líquido avançou 17,8%, a R$ 190,3 milhões.
O governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), negou durante a campanha que tenha intenção de privatizar o Banrisul.