(Pequenas Empresas, Grandes Negócios – Economia – 21/01/2021)
Nos últimos anos, o consumidor mudou a forma de pegar táxis, assistir a filmes, ouvir música e agora, aos poucos, tem transformado também o conceito de moradia. No que depender de Alexandre Frankel, dono da construtora Vitacon e da startup Housi, esse movimento será ainda mais rápido. "Passaremos por uma grande transformação nos próximos 20 anos", aposta.
A startup foi criada como um negócio complementar à Vitacon, no início de 2019, para atuar com a administração de imóveis alugados em condomínios da própria empresa. A Housi faz a gestão de apartamentos que são comprados apenas para serem locados. O aluguel pago pelo usuário parte de R$ 100 a diária, e já inclui valores como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e as contas de água, energia, gás e internet.
Em julho, agosto e setembro de 2020, a Housi registrou um aumento de 167% de contratos de moradia, em comparação com o trimestre anterior. O faturamento também foi impulsionado em 193% no período. No primeiro ano da pandemia de Covid-19, a startup ainda alcançou a marca de R$ 10 bilhões em imóveis sob gestão, da própria Vitacon e de outras pequenas e médias incorporadoras. No final de 2019, eram R$ 3 bilhões.
Agora, o plano é elevar ainda mais esses números e chegar a R$ 30 bilhões de imóveis sob gestão até o final de 2021. Para isso, Frankel resolveu apostar no licenciamento da marca Housi, que até então operava apenas em São Paulo. “[Moradia por assinatura] é um conceito muito novo, que exige uma camada de tecnologia e expertise muito grande. O mercado imobiliário no Brasil é pulverizado, são muitos pequenos incorporadores, que não têm acesso a uma série de itens com ciência de serviços agregados”, afirma.
Na primeira fase, cerca de 40 pequenos e médios incorporadores, em cidades como Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e João Pessoa, passaram a contar com os serviços da Housi. A ideia é levar a proposta para mais 40 municípios ao longo de 2021 e iniciar uma expansão internacional no segundo semestre.
Na prática, o incorporador licenciado usa a marca Housi para atrair investidores interessados em comprar os imóveis para alugá-los. A partir daí, a startup assume o comando e presta todo o suporte para intermediar a relação entre o comprador e o morador por assinatura.
A Housi monta uma estrutura regional para prestar suporte ao morador, como limpeza e consertos gerais no apartamento. O assinante pode contratar todos os serviços pelo aplicativo da empresa. O empreendedor não revela qual é o investimento realizado para essa expansão, mas diz que é "na casa de dezenas de milhões de reais".
Para ser um licenciado, o incorporador deve submeter alguns dados da empresa para avaliação da Housi, que consigam aferir segurança jurídica e financeira. O projeto é desenvolvido em conjunto, para que seja considerado um empreendimento apropriado para o modelo de negócio. Entram aqui desde a escolha do terreno até a implementação de todas as tecnologias embarcadas no projeto, como serviços de streaming e vending machines. “O desenvolvedor local conhece todas as características da região. Nós licenciamos e damos toda a assessoria. O nosso grande objetivo é ajudá-lo a vender mais e melhor.”
Há necessidade de um investimento inicial para o uso da marca Housi, mas Frankel não abre os valores, e diz que depende do tamanho do projeto. “É um licenciamento para ajudar nas vendas. Depois, nosso contato de longo prazo é direto com o morador.”
Há dois modelos de remuneração para a Housi: o incorporador paga uma comissão mensal para a startup pelo suporte prestado ou uma participação nos resultados do empreendimento. Cada caso é analisado separadamente.
O empreendedor revela que existem estudos para uma criação de um modelo de franquia, no futuro. “A princípio, queremos levar para mais incorporadoras de todo o Brasil o que antes era restrito a um pequeno grupo.”