O fundo de investimento imobiliário Mérito Desenvolvimento caiu mais 10% hoje, acentuando as perdas em dois dias de negócios após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizar a volta das cotas ao mercado. A negociação das cotas do Mérito foi suspensa em 18 de julho, sob suspeita de fraude e pirâmide financeira. Ontem, primeiro dia de negociação após o fim da suspensão, a cota caiu 23%.
A administradora do fundo, a Planner Corretora, e a gestora Mérito Investimentos tiveram de modificar a forma de cálculo dos rendimentos e reapresentar os balanços de todos os meses deste ano e explicar a forma como estimaram os ganhos da carteira. O resultado foi uma queda de 10% do patrimônio do fundo após a revisão dos cálculos. O fundo também passará a distribuir rendimentos trimestralmente, e não mais mensalmente. E devolveu parte das taxas cobradas dos investidores nas ofertas públicas de cotas para aumento de capital. A cobrança de taxas nas ofertas de cotas foi vista pela CVM como um risco de pirâmide financeira, já que os investidores novos pagavam parte do rendimento dos antigos. A CVM estima que 23% dos rendimentos distribuídos pelo Mérito vinham dessas taxas.
O fundo também distribuía rendimentos de forma regular, apesar de ser uma carteira de desenvolvimento imobiliário, comprando terrenos para construir ou revender, situação que não garante muita previsibilidade dos retornos. Um modelo diferente de outros fundos imobiliários, que compram ou constroem imóveis para alugar e, assim, ter um ganho previsível e estável para distribuir, os chamados fundos de renda.
O cálculo do rendimento era feito pela valorização dos imóveis, estimada pela administradora. A CVM entendeu que os valores deveriam ser os históricos de compra acrescidos das despesas e investimentos. E os rendimentos deveriam vir do ganho de capital nas vendas dos projetos.
A distribuição regular dos rendimentos e o percentual elevado atraíram muitos investidores pessoas físicas. O Mérito tem 8 mil investidores, um dos mais populares do mercado.