(Extra – Economia – 08/04/2021)
Financiamento casa própria pode ter redução de juros para os brasileiros A compra da casa própria é para muitos brasileiros seu maior investimento e maior comprometimento financeiro por muitos anos. Mas tendo como objetivo a quitação do imóvel, o mutuário pode reduzir — e muito — o valor do financiamento e o prazo de pagamento, realizando amortizações. Essas operações podem ser feitas com parte do FGTS, seguindo as regras do fundo, ou a qualquer momento, com recursos próprios.
Amortizar significa pagar uma parte do saldo devedor. Com isso, o valor financiado diminui e o total de juros pagos também, já que esses passam a incidir sobre uma quantia menor. Assim, quanto maior for o aporte e mais cedo for possível fazê-lo, mais barato fica o financiamento e pode-se, inclusive, quitá-lo na metade do tempo previsto.
Há duas opções de escolha: reduzir o valor das prestações e manter o prazo de financiamento ou reduzir o prazo que falta no financiamento, mantendo os valores das parcelas a serem pagas.
— Do ponto de vista financeiro, a melhor opção é sempre diminuir o prazo. Porque os juros são cobrados sobre o saldo devedor. Dessa maneira, quanto mais tempo pagando as prestações, maior o valor referente a juros que vai pagar, sem contar o seguro e outros custos que já estão embutidos nas parcelas que serão antecipadas — afirma Gildo Freire de Araújo, presidente do Instituto Paulista de Contabilidade (IPC).
No entanto, para quem precisa economizar no curto prazo, reduzir o valor das parcelas pode ser a melhor saída.
USO DO FGTS OU DE RECURSOS PRÓPRIOS
É possível fazer amortizações e até a quitação da dívida com o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a cada dois anos, se o imóvel for financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Também é possível utilizar o fundo para o pagamento de parte do valor das prestações por um período de 12 meses, limitado a 80% do valor da prestação.
Se o cliente, no entanto, quiser usar recursos próprios, ele pode amortizar sempre que desejar, inclusive mensalmente. E muita gente faz isso. Segundo o banco Santander, apesar de os clientes de forma geral fazerem um contrato de 360 meses, os financiamentos são quitados, em média, em 96 meses.
SUAS ECONOMIAS
Para economizar no financiamento é preciso se organizar financeiramente. Mas vale a pena juntar para dar um valor a mais, usar o 13º salário, férias, ou mesmo usar uma rescisão após se demitido se depois conseguiu se estabelecer bem em outra emprego para pagar menos juros.
— Tendo uma reserva de emergência, usar todo dinheiro que tiver para amortizar vale, pois é uma economia — afirma o economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE: A compra da casa própria é para muitos brasileiros seu maior investimento e seu maior comprometimento financeiro por muitos anos. Mas tendo como objetivo a quitação do imóvel, o mutuário pode reduzir, e muito, o valor do financiamento e seu tempo, realizando amortizações. Essas podem ser feitas com dinheiro do FGTS, seguindo regras do fundo, ou a qualquer momento, com recursos próprios.
SIMULE NO SEU BANCO NOVOS APORTES
Para fazer uma amortização com recursos próprios basta pedir ao banco. Muitos têm a opção de simular na internet como isso pode impactar o financiamento. Uma simulação feita pelo banco Santander mostra que, em um financiamento de R$ 150 mil, quem fizer aportes anuais de R$ 5 mil reduzirá o tempo de financiamento em 40% e em mais da metade o valor total pago. (veja abaixo).
O técnico de processamento de dados Jorge de Lima, de 45 anos, descobriu essa possibilidade pela web e considera a amortização uma grande vantagem:
— Assisti a um vídeo em que um youtuber simulava a antecipação de um valor para reduzir o saldo devedor da casa própria. A partir daí, entrei no aplicativo Habitação Caixa para ver como ficaria a redução da minha prestação ou do meu tempo de financiamento, se eu fizesse um aporte de R$ 20 mil. Depois, liguei para a Caixa e confirmei que o aporte, com recursos recursos próprios, poderia ser feito todo mês, se eu quisesse. A partir daí, comecei a juntar dinheiro. E quero fazer isso sempre que puder.
Gildo Araújo lembra, no entanto, que há custos na operação:
— Para cada operação de amortização, existem taxas adicionais cobradas, despesas de registro e outras. O mutuário precisa avaliar isso com o seu banco antes para ver qual é a melhor estratégia.
SE ORGANIZANDO PARA AMORTIZAR
Diminuir o valor da dívida do crédito imobiliário com aportes é, com certeza, interessante financeiramente, seja para pagar menos nas próximas parcelas ou para reduzir o tempo de financiamento. Mas, antes de analisar a possibilidade, é importante verificar se a taxa de juros que está sendo paga está condizente com o mercado atual, em que os juros estão muito mais baixos que há cinco anos.
— Quem tem financiamentos com juros antigos, mais altos, deve primeiro negociar no banco uma atualização para a realidade atual ou tentar uma portabilidade. Só a redução dos juros já é uma grande economia — afirma Gildo Araújo, presidente do IPC.
Além disso, antes de pensar em aportar todo o dinheiro que tem na casa própria, é importante verificar o quanto está seguro no trabalho e se possui reservas financeiras para o caso de um imprevisto.
— É importante ter sempre uma reserva de emergência, de três a 12 meses de custos mensais, dependendo da estabilidade no emprego. Se tiver isso, primeiro quite as dúvidas mais caras. Depois, vale colocar o que puder no financiamento imobiliário. Com as parcelas menores, vai ser possível poupar mais e realizar outros sonhos e projetos — afirma o economista André Braz, da FGV.
A amortização com recursos próprios ainda não pode de ser feita on-line. Atualmente, o cliente pode solicitar ao seu gerente uma simulação e escolher a opção que melhor atenda às suas necessidades.