(G1 – Economia – 10/02/2021)
Com os impactos financeiros causados pela pandemia de Covid-19, o bom senso tem sido necessário na hora de renovar contratos de aluguéis, assim como para fazer o cálculo de reajuste anual nos imóveis locados.
Segundo o administrador Sidney Vieira, que também é proprietário de prédios comerciais em Itapetininga (SP), todos os seus imóveis estão locados. Contudo, para isso foi preciso pensar em valores justos para os inquilinos.
“Alguns moradores tiveram seus negócios fechados por um longo período na pandemia, isso refletiu muito em diversos aspectos econômicos. Outros chegaram a perder o emprego, então isso impacta muito na questão financeira de todos. Por isso, é importante ter a questão do bom senso na hora do reajuste e pensar em valores justos”, explica.
Em muitos contratos de alugueis, o IGPM é usado como referência para fazer o reajuste anual do valor da mensalidade. No entanto, em janeiro deste ano, o indicador fechou o mês em 25,71%, a maior alta desde 2002.
Deste modo, o contrato de aluguel no valor de R$ 2 mil, que venceria em fevereiro, com esse reajuste, ultrapassaria o valor de R$ 2,5 mil. O que causaria espanto e nervosismo nos locatários durante uma época de crise.
Segundo a auxiliar de administração Suzana Dias Batista, o valor do aluguel não deve ser reajustado de acordo com o Índice Geral de Preços Mercado.
À TV TEM, ela contou que no ano passado, em vez de o dono do imóvel alugado pela loja onde ela trabalha aumentar o aluguel, o proprietário reduziu o valor devido à pandemia de coronavírus.
“A empresa precisa entrar em uma negociação brusca [com o locador]. Por mais que a gente tenha mantido [o valor do aluguel] no nosso comércio e não abaixado, o preço está muito alto. Ainda mais na pandemia”, conta Suzana.
Ela conta que a incerteza do que poderia acontecer com a propagação da doença e os impactos na economia, entre março e julho, fez com que o valor da mensalidade fosse reduzido por quatro meses. E quando voltou a ser cobrado, voltou ao preço normal, sem reajuste.
Conforme o gerente de locações em uma imobiliária de Itapetininga, Everton Pires, os proprietários de imóveis têm sido avisados de que, se forem seguir o IGPM, podem acabar perdendo os inquilinos.
“Já faz algum tempo que não tem esse índice. Sempre fica em torno de 7% e os inquilinos já sentem um aumento grande”, diz.
Para ele, o valor deve apenas ser reajustado por quem ainda está cobrando o mesmo valor de aluguel por muitos anos. Mas, nesta época, os proprietários que têm o costume de fazer o reajuste todas as vezes em que os contratos fazem aniversário, precisam pensar em uma porcentagem menor.
“Na verdade, os proprietários estão sendo flexíveis e analisando a situação do momento. Nós temos entrado em contato com eles e explicado a situação do locatário. Alguns deles estão mantendo os valores e outros reajustando apenas metade”, finaliza.