Nos últimos quatro anos, o setor imobiliário de Campo Grande sofreu valorização de aproximadamente 10% a 15%. E os bairros que mais contribuíram para o resultado positivo foram Jardim dos Estados, Jardim Aclimação, Jardim Bela Vista, Jardim Guarujá, Chácara Cachoeira e Vivendas do Bosque. Distribuídos nas regiões urbanas do Centro e Prosa e privilegiados pela boa localização, infraestrutura e serviços, esses bairros apresentam, hoje, o metro quadrado mais elevado da Capital. Os números foram repassados pela Câmara de Valores Imobiliários (CVI) de Mato Grosso do Sul. Em quatro deles (Bela Vista, Guarujá, Chácara Cachoeira e Vivendas do Bosque), o custo do m² está em R$ 1,2 mil; já no Jardim dos Estados e Aclimação, a valorização é ainda maior, dada a localização dos bairros e a pouca oferta de lotes para venda. “Há alguns lotes por R$ 2 mil a R$ 2,5 mil [o metro quadrado] na Rua Euclides da Cunha, em razão da característica fortemente comercial dessa via, e na Rua da Paz, muito centrada em serviços”, explicou o presidente do CVI, Dilson Tadeu Auerswald.
Apesar do alto custo do metro quadrado, a tendência atual do mercado na Capital sul-mato-grossense é de estabilização, destaca o dirigente do CVI, acompanhando o comportamento da economia, que não apresentou aquecimento neste ano em relação ao anterior, como se esperava. “O mercado está em fase de busca. Hoje, você oferece por um preço, o cliente manda contraproposta e alguns proprietários não aceitam. Em termos de valorização, o mercado está meio paralisado. Em alguns casos, até existe algum porcentual de crescimento, mas é bem pequeno”, avalia.
Promessas - Até mesmo regiões que passaram por boom imobiliário ao longo desta década passam atualmente por cenário de valorização bem mais modesta. É o caso do Jardim Polonês, situado entre o prolongamento da Via Park e o Carandá Bosque, onde o metro quadrado varia de R$ 500 a R$ 700. “Há terrenos de 13,5 m por 30 m custando R$ 250 mil, R$ 260 mil, mas não se vende por esse preço. Antes do asfalto, vendia por R$ 110 mil, R$ 120 mil”, menciona o presidente da CVI.
No caso do Carandá Bosque, o lote também está se valorizando. “Há gente pedindo R$ 250 mil pelo lote de 12 m x 30 m. Também há muitos lotes para construção no bairro, mas para venda são poucos”, pontuou.
Já no caso do Jardim Rita Vieira, uma das regiões que apresentaram boom imobiliário na década passada, a tendência também é de estagnação. “Não valorizou muito. Em quatro anos, está em R$ 250 o metro quadrado, mesma média de preço observada para o Jardim Auxiliadora, bairro que fica ao lado”, informou.
Nesse caso específico, a falta de continuidade da infraestrutura, no caso a pavimentação asfáltica no restante da região, pode ter sido um dos fatores para o preço ter estacionado, por causa da falta do asfalto. “Após a Avenida Rita Vieira, que é asfaltada, há terrenos por R$ 150 a R$ 160 mil, o que equivale a uma média de R$ 360 a R$ 400 o metro quadrado”, comparou.
Vizinho ao Rita Vieira, o Jardim TV Morena registrou uma estabilização nos valores. “A procura diminuiu porque há muitas pessoas de poder aquisitivo elevado que adquiriram lotes na região e estão aguardando mercado e preço. Mas as pessoas não querem vender”, comentou. A exemplo do que ocorre no Jardim Polonês, na região do Prosa, também há variação de preços, porém, influenciada pela localização dentro do próprio bairro. “Do trecho da Rua Quintino Bocaiuva mais próximo para a Eduardo Elias Zahran, há uma maior valorização e o metro quadrado pode chegar a R$ 550. Na direção contrária, o valor vai para R$ 520, em média [queda de 5,5%]”, explicou.
Já no Bairro Nova Lima, região norte da cidade, houve melhora porque parte do bairro já recebeu obras de asfaltamento, mas os preços estão estabilizados. “Não cresceu, conforme os proprietários esperavam. De um raio de cinco quadras até chegar à Avenida Cônsul Assaf Trad, está mais valorizado; os terrenos variam de R$ 70 mil a R$ 75 mil [média de R$ 200 o metro quadrado]. Desse limite para dentro, os preços são variados”,completou.
Potencial - Em relação às potencialidades, avalia o presidente da Câmara de Valores Imobiliários, as possibilidades de compra para investimentos estão na periferia. “A região do centro está valorizada, mas um aumento nas vendas dependerá da melhora da economia nacional. Temos vários bairros com loteamentos que estão sendo lançados. Para terrenos comerciais, as opções de investimento ainda são em regiões mais próximas ao centro, como Jardim dos Estados, Aclimação, Bela Vista e Carandá Bosque”, explicou.
Regiões que estão recebendo obras públicas também oferecem expectativa de valorização, mas de forma gradativa. “A valorização chega onde a procura cresce”, avisa. Um exemplo é o Jardim Santa Emília, onde existe possibilidade de investimento de asfalto e há atualmente movimentação significativa de empreendimentos na faixa de até R$ 180 mil, inseridos no programa Minha Casa Minha Vida.