SÃO PAULO - A Cyrela terá menos lançamentos, neste ano, do que estava previsto — número não divulgado pela companhia — independentemente de a liminar que suspendeu o chamado direito de protocolo cair ou não, segundo o diretor de relações com investidores e de operações estruturadas, Paulo Gonçalves. Por esse direito, projetos protocolados antes de a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo ter entrado em vigor podiam seguir as regras anteriores.
A suspensão do direito de protocolo é uma das principais fontes de preocupação do setor de incorporação. Há quem diga que, se a questão não for revertida em breve, a retomada, de fato, do setor poderá ser postergada no maior mercado imobiliário do Brasil. A liminar foi publicada contra a Prefeitura de São Paulo no dia 28 de fevereiro.
No próximo dia 16, haverá julgamento da suspensão do direito de protocolo. A expectativa da Cyrela é que a liminar caia. Mesmo que isso ocorra, o lançamento dos projetos protocolados conforme a Lei de Zoneamento anterior dependerá da aprovação da Prefeitura de São Paulo. Além disso, ressalta o executivo, o calendário de lançamentos deste ano é afetado, no segundo semestre, pelas eleições.
A Cyrela tem R$ 600 milhões de projetos protocolados na Lei de Zoneamento anterior que tinham previsão para serem lançados neste ano, a maior parte com perfil de alta renda. O Valor Geral de Vendas (VGV) corresponde a 25% do que a incorporadora previa para São Paulo em 2018.
De acordo com Gonçalves, a Cyrela tem de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões de projetos de média-renda para reposição caso liminar não caia — um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro.
Dívidas - Ainda que adie os lançamentos, a Cyrela prevê redução de sua dívida em R$ 700 milhões neste ano. A companhia tem R$ 1,5 bilhão em vencimentos em 2018, incluindo dívidas corporativas e de projetos. Em 2018, pretende contratar R$ 800 milhões em novas dívidas e pagar os vencimentos de R$ 1,5 bilhão.
“Temos planos de tomar novas dívidas para fazer face aos vencimentos”, disse Gonçalves. Entre as novas obrigações, está um novo certificado de recebíveis imobiliários (CRIs) de R$ 300 milhões.
“Se tomarmos os recursos e continuarmos a gerar caixa, teremos uma nova rodada de pagamento de dividendos no fim do ano”, disse. “Os dividendos serão bem maiores em 2019.”
A Cyrela também tem a expectativa de continuidade de geração de caixa, segundo o diretor. O valor a ser gerado dependerá do total de lançamentos e vendas.
Segundo o copresidente Raphael Horn, tem havido demanda por imóveis, mas a taxa de juros cobrada pelos bancos dos clientes não caiu, proporcionalmente, ao recuo da Selic. “Mas o principal para a demanda é que os clientes perceberam que os preços pararam de cair”, afirmou.
E a expectativa da companhia é a volta à lucratividade em algum momento do segundo semestre. A Cyrela reverteu o lucro de R$ 4 milhões do primeiro trimestre do ano passado e contabilizou prejuízo líquido de R$ 51 milhões em igual período de 2018.
Na comparação dos dois intervalos, a receita líquida caiu 29,4%, para R$ 451 milhões. A margem bruta recuou de 30,9%, no primeiro trimestre de 2017, para 27,7% de janeiro a março deste ano.
Distratos - A companhia informou ainda que poderá ter distratos de mais um ou dois terrenos com efeitos negativos semelhantes ao que ocorreu com área em Brasília, de acordo com o copresidente Raphael Horn.
No primeiro trimestre, a Cyrela registrou impacto negativo de R$ 21 milhões devido ao distrato do terreno na capital federal. companhia. A companhia considerou que valeria mais a pena arcar com o custo de rescisão do que com o desembolso de capital para tocar o projeto.