(O Estado de S. Paulo – Economia e Negócios – 04/10/2019)
A indústria da construção civil apresenta comportamento melhor do que o da indústria em geral. É o que mostram a Sondagem Indústria da Construção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e a Sondagem da Construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A situação só não é melhor dadas as incertezas econômicas. A coordenadora de Projetos da Construção da FGV, Ana Maria Castelo, notou que “a percepção das empresas se mantém bastante suscetível às notícias sobre contingenciamento dos recursos do orçamento federal e às dificuldades fiscais que vêm reduzindo sobremaneira a capacidade de investir dos entes públicos”.
A FGV registrou melhora da construção por três meses consecutivos e um leve recuo em agosto, sem, contudo, comprometer a tendência de alta. O levantamento da CNI é mais otimista, contribuindo para infundir ânimo no setor.
A avaliação da CNI é de que, “apesar da ociosidade ainda elevada, os índices de evolução do número de empregados e do nível de atividade melhoraram em todos os meses deste ano e retornaram ao patamar em que estavam em 2012 e 2013, quando o setor demonstrava mais dinamismo”. A observação indica que a tendência positiva não é apenas conjuntural.
O índice de atividade, que mede as condições atuais, apresenta o melhor resultado desde novembro de 2013. Evolução semelhante aparece no emprego, que está no maior nível em seis anos e acima da média histórica. Evidência indireta disso está na abertura de 17 mil vagas formais na construção civil em agosto, segundo o Ministério da Economia.
Vistos em seu conjunto, os indicadores da CNI melhoram rapidamente, embora ainda estejam levemente abaixo da linha de 50 pontos que separam os campos positivo e negativo. Quanto à ociosidade, a indústria da construção ainda opera em patamar inferior ao da sua capacidade.
No tocante às perspectivas futuras, a indústria da construção espera ampliar a aquisição de insumos e matérias-primas e contratar mais pessoal. Em consequência, o nível de atividade tende a crescer. A intenção de investir aumentou e também se encontra em nível superior ao da média histórica. A construção deverá, assim, contribuir para a recuperação da indústria e da atividade econômica.