(Valor Econômico – Finanças – 11/10/2019)
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, disse que o avanço do projeto de reforma do sistema de assistência financeira de liquidez aos bancos abre espaço para, no médio prazo, reduzir os níveis de recolhimentos compulsórios.
Souza fez a declaração ao comentar um estudo publicado no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) sobre a importância do sistema de compulsórios para mitigar os riscos de descasamento de prazo entre captações e financiamento imobiliário no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE).
Em entrevista para comentar o REF, divulgado nesta quinta-feira, Souza disse que um eventual novo ciclo de redução de provisões do sistema bancário depende de mudanças mais estruturais da economia.
Segundo ele, o nível de provisão dos bancos, que estava em cerca de R$ 80 bilhões anuais até 2014, saltou para ao redor de R$ 120 bilhões entre 2016 e 2017. De lá para cá, recuou para a casa dos R$ 70 bilhões.
A alta nas despesas com provisões foi provocada, segundo Souza, devido a dificuldades de grandes empresas em decorrência dos escândalos de corrupção da Lava Jato.
O diretor disse que está se observando uma tendência de estabilização na rentabilidade dos bancos.
Segundo ele, até 2018 os bancos tinham ganhos a ser realizados a partir da taxa de juros. “Agora, ou aumenta o volume de crédito ou altera o ‘mix’”, disse. “Se não houver isso, não terá aumentos [de rentabilidade] nos próximos períodos.”
O retorno (ROE) dos bancos brasileiros atingiu o recorde de 18,5% em junho, segundo o BC, uma alta de 1,1 ponto porcentual em relação a dezembro, quando foi divulgada a versão anterior do relatório de estabilidade financeira.
Ele ponderou, porém, que os bancos são dinâmicos e poderão encontrar novas formas de atuação dentro do cenário econômico atual.