(O Globo – Economia – 10/07/2020)
A venda de material de construção, que já havia avançado em maio, teve desempenho ainda mais forte em junho. A Vedacit, que fabrica materiais impermeabilizados, bateu seu recorde de faturamento no mês passado, alta de 32% nas vendas. Ultrapassou até a meta definida antes da pandemia (crescimento de 28%). O auxílio emergencial teve impacto destacado no resultado, conta Marcos Bicudo.
Ele conta o exemplo da Bahia, onde a economia depende mais de programas sociais. O estado teve a alta mais forte nas vendas do mês. Lá o destaque veio do chamado consumidor “formiguinha”, que faz pequenas compras de cada vez. É um indício forte sobre os efeitos do auxílio emergencial no consumo dos mais pobres.
— Um casal com filhos maiores de idade tem acesso a três ou mais parcelas do ‘coronavaucher’ por mês. Dá mais de R$ 1.800 no orçamento mensal. As pessoas também estão mais tempo em casa, conseguem economizar em outras despesas. Metade do setor de material de construção é movimentado por informais, que fazem pequenas compras. O impacto é grande e julho deve manter o ritmo de junho — explica Bicudo.
O executivo, no entanto, alerta que o setor ainda carece de um crescimento sustentável. O auxílio não vai durar para sempre, e o desemprego elevado derruba a demanda na construção civil. Bicudo se preocupa com o espaço que haverá entre o fim do auxílio emergencial e a recuperação do mercado de trabalho. O setor deve enfrentar mais esse choque em breve, ainda que os juros baixos impulsionem o mercado imobiliário. Ele tem esperança também que o novo marco do saneamento destrave investimentos, mas isso não vai ocorrer no curto prazo.