Depois de experimentar o melhor ano de sua jovem história em 2017, a construtora e incorporadora imobiliária Vitacon espera um salto para este ano que pode deixá-la próxima de concorrentes já maduras. O fundador Alexandre Frankel contou ao Valor que se prepara para lançar R$ 2 bilhões em empreendimentos, o que significa mais do que do que dobrar o volume do ano passado. O número reflete o otimismo com o mercado.

Focada apenas em regiões de média e alta renda e acesso a infraestrutura de mobilidade na cidade de São Paulo e identificada com o conceito de moradia inteligente - com grande quantidade de serviços incluídos - e compactas ou super-compactas, a Vitacon lançou R$ 830 milhões em imóveis novos no mercado, fruto da soma do Valor Geral de Vendas (VGV) de 1.300 unidades.

Desse volume, vendeu R$ 560 milhões, exatamente o dobro do ano anterior. Atualmente, a incorporadora tem 18 canteiros de obras em andamento.

O desempenho do ano passado colocou a Vitacon, em valor de lançamentos, mais próxima dos números de companhias tradicionais do setor e que atuam em diversas praças e segmentos de mercado. Frankel está perto, com isso, de sua meta de ser a terceira maior em lançamentos na cidade - os números anuais das grandes companhias que atuam na região ainda não estão públicos.

Até setembro de 2017, a EZTec, cada vez mais focada em médio e alto padrão, vendeu R$ 764 milhões na região metropolitana paulista, a Even havia colocado R$ 637 milhoes em São Paulo e a gigante Cyrela, R$ 728 bilhão - nos diversos segmentos que atua.

O empresário explicou que o tamanho do crescimento no ano passado é reflexo da decisão de segurar os lançamentos em 2015 e 2016. A estratégia foi adotada por boa parte do setor, em razão do ambiente de restrição de crédito e redução da atividade econômica. Naqueles dois anos, os lançamentos da Vitacon somaram R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, respectivamente.

A previsão é que os lançamentos de 2017 fiquem prontos em 2019 e, principalmente, em 2020. Até agora - desde sua criação, em dezembro de 2009 -, a companhia entregou mais de 7 mil unidades, em 45 empreendimentos.

A Vitacon já lançou unidades com 23, 19, 17 e 14 metros quadrados. O ano passado marcou o lançamento do menor até o momento - 10 metros quadrados. De acordo com o empresário, as vendas são divididas quase que igualmente entre investidores que querem os imóveis para renda e proprietários usuários.

O teste de uso no mercado dos modelos super-compactos vai começar agora. No ano passado, a Vitacon entregou as unidades de 17 metro quadrados, e a previsão é que, neste ano, sejam concluídas a de 14 e de 19 metros quadrados.

A estratégia de Frankel foi apostar em modelos de menor metragem, com custo absoluto mais baixo, para explorar a demanda por moradias em regiões que concentram empregos e serviços. Ele exemplifica o foco da companhia ao detalhar que, da meta de R$ 2 bilhões em lançamentos para o ano, R$ 1 bilhão será na Avenida Brigadeiro Faria Lima, centro financeiro e empresarial, e R$ 500 milhões na região dos Jardins, uma das mais nobres da cidade.

Frankel contou que o maior desafio durante a crise foi segurar lançamentos. Ele buscou usar o período para organizar a estrutura do negócio e suas diversas frentes de atuação e para o fortalecimento da estrutura de capital. O salto previsto para 2018 reflete as parcerias fechadas ao longo do ano passado, em especial a transação de R$ 600 milhões com o Hines, gestora de fundos americana especializada no setor. Em 2017, dos R$ 830 milhões lançados, R$ 240 milhões foram com a Hines.

Este ano marcará também o início da geração de receita da Vitacon Properties, que mantém os imóveis residenciais construídos em carteira para renda com aluguel. Esse segmento fechou 2017 com R$ 820 milhões em ativos na carteira, ante R$ 360 milhões ao fim de 2016 - ano em que começou a ser estruturada. Os dois primeiros empreendimentos ficam prontos ao longo do ano e serão colocados no mercado de locação.

Não há previsão de novos lançamentos pela unidade proprietária para 2018. A Vitacon assinou parceria com o CapitalLand, fundo de Cingapura, para investimentos de R$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos, mas não há projeto pronto para lançar neste momento. O plano do empresário é que no longo prazo a Vitacon Properties represente metade da receita do negócio imobiliário, para trazer resiliência diante dos ciclos no mercado de incorporação.

Frankel busca colocar nos empreendimentos seu gosto pela tecnologia e novidades na cultura digital de compartilhamento. "Precisamos nos preparar, como empresa, para o futuro da moradia na nuvem", diz, fazendo referência ao universo abstrato da captura de dados gerados pelas pessoas sobre seus hábitos e as facilidades que podem ser desenvolvidas diante dessas informações.

Em 2017, a Vitacon fez um acordo com IBM e Intel para desenvolver um sistema inteligente de gestão dos apartamentos que detém e incorpora, cujo usuário da tecnologia será o morador. Agora, prepara o projeto piloto com as duas parcerias para o primeiro apartamento já projetado para ser inteligente.

Diversas startups de relacionamento das empresas de tecnologia serão convidadas a desenvolver soluções para os moradores baseadas nas informações geradas, com oferta e programação prévia de serviços e produtos baseada na quantidade de vezes de abertura da porta de entrada, da porta da geladeira, entre outros hábitos.