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Gafisa segue na busca por fusão com Tecnisa

24/09/2020 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Econômico – Economia – 24/09/2020)

 

 

Chiara Quintão

 

A Gafisa permanece firme em seu plano de fusão com a Tecnisa. Nesta semana, a companhia contratou o Credit Suisse para dar início a “abordagem mais estruturada” dos acionistas da Tecnisa, em busca de negociação amigável para a associação das duas incorporadoras, segundo o vice-presidente Finanças e Gestão da empresa, Ian Andrade. Mas, assim como na assembleia geral extraordinária (AGE) da Tecnisa realizada na semana passada, a Gafisa não estará presente no evento desta quinta-feira.

“Apesar de a Gafisa ser a segunda maior acionista da Tecnisa, não temos interesse em participar da assembleia. O assunto só vai avançar se for tratado amigavelmente”, disse Andrade ao Valor. O executivo preferiu não estimar que parcela dos participantes da AGE tende a votar a favor dos temas propostos pela Gafisa, como a elevação de 20% para 30% do limite para que o mecanismo de dispersão acionária (“poison pill”) seja disparado. “O mapeamento não está muito claro. O percentual oscila muito”, diz o vice-presidente da Gafisa.

Companhia contratou o Credit Suisse para iniciar uma “abordagem mais estruturada” aos acionistas da Tecnisa

Segundo fonte, a companhia fundada por Meyer Nigri tem expectativa de que a mesma base de acionistas que votou com o controlador, na AGE anterior, seja mantida. Procurado pelo Valor, o presidente da Tecnisa, Joseph Nigri, preferiu não se manifestar. Na assembleia da semana passada, na qual compareceram 45% dos acionistas da Tecnisa, 98% dos presentes rejeitaram a continuidade dos estudos para potencial integração de negócios com a Gafisa.

“Era de se esperar. O acordo de um voto único estava preparado”, diz o vice-presidente da Gafisa, ressaltando que menos de 50% dos acionistas da Tecnisa participaram da AGE. Na semana passada, 44% do total de acionistas da Tecnisa - incluindo os 33% que firmaram acordo de voto - se mostraram alinhados com a administração da companhia, a qual considera não haver sinergia na integração que foi proposta pela concorrente.

A família Nigri - controladora da Tecnisa - tem fatia de cerca de 26%. Por meio do fundo Bergamo, a Gafisa tem 5,3% de participação na Tecnisa. Já o investidor Nelson Tanure participa da Gafisa por meio de fundos geridos pela Planner Asset Managment, a qual tem fatia de 30,3% dessa companhia.

Outra proposta a ser votada, na AGE desta quinta-feira, será a de aumento de capital da Tecnisa no valor de até R$ 500 milhões. Na avaliação de Andrade, a Tecnisa precisa da capitalização para ter crescimento sustentável e “surfar no próximo ciclo do mercado imobiliário”.

“Até por sermos conhecedores do negócio, sabemos que um ciclo relevante de crescimento precisa de capital para investimentos em terrenos e início dos projetos”, diz o vice-presidente da Gafisa, acrescentando que parte dos recursos captados pela Tecnisa na oferta de ações subsequente (“follow-on”) de 2019 foi direcionada ao pagamento de dívidas.

Na avaliação de Andrade, o caixa da Tecnisa é “suficiente para pagar dívidas e manter a empresa flutuando”. “Mas para que haja crescimento relevante, é preciso um reforço”, diz o executivo da Gafisa. Questionado sobre isso, o presidente da Tecnisa limitou-se a responder que “o tempo dirá”. No fim de junho, a Tecnisa tinha caixa de R$ 287 milhões. A companhia já divulgou que continua comprando terrenos e que tem estoque de áreas necessário para os lançamentos do próximo ano.

Para o executivo da Gafisa, a reestruturação financeira pela qual passou a Tecnisa poderia ter sido mais ampla. “A reestruturação está associada à diminuição de custos e despesas, mas também são necessários direcionamento estratégico e revisitação de cultura, comportamento e posturas”, diz Andrade.

Perguntado sobre qual será a postura da Gafisa se suas propostas não forem aprovadas pelos acionistas da Tecnisa, Andrade respondeu que a companhia irá “mapear alternativas” e que o interesse na associação das duas está mantido. “O que vai nos fazer parar é se a negociação com a Tecnisa não for amigável”, diz o vice-presidente da Gafisa. Segundo ele, a união entre as duas empresas é “muito importante para o setor”. “Em conjunto, podemos ser muito mais fortes e tradicionais do que já somos”, afirma. 

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