(Valor Econômico – Empresas – 29/03/2019)
Graziella Valenti
A incorporadora e construtora Vitacon, do empresário Alexandre Frankel, assinou com o fundo americano 7 Bridges Capital Partners, a formação de uma joint-venture que prevê lançamentos na cidade de São Paulo com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 2 bilhões nos próximos seis a 12 meses. O aporte total de recursos nessa primeira etapa é de R$ 500 milhões no total dos dois sócios.
Os planos, porém, são maiores. "A ideia é deixar a estrutura pronta, dentro dos próximos 18 meses, para um VGV de até R$ 10 bilhões, ou seja, cinco vezes maior que essa primeira tranche", contou Frankel, fundador e presidente da empresa, com exclusividade ao Valor. Todos os lançamentos são projetos desenvolvidos pela companhia paulista, que surgiu na região da Vila Olímpia (Zona Sul da cidade) e ganhou notoriedade por modelos compactos que pregam estilo de vida urbano e com infraestrutura compartilhada.
Para a fase seguinte da joint-venture serão avaliados lançamentos em cinco outras capitais do país: Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA). A operação tem potencial para colocar a Vitacon, do empresário de apenas 41 anos, entre as maiores do setor imobiliário do país. O ano marca uma década de vida do negócio, desde a fundação.
A Vitacon tem, na primeira tranche, 20% do capital da sociedade. Mas esse percentual pode mudar nas próximas fases de investimento. Do retorno, a fatia difere da participação, pois são previstos prêmios de performance.
A parceira com Frankel é o segundo investimento da 7 Bridges no país. O primeiro, contou o gestor responsável por Brasil, Benny Finzi, foi um prédio comercial adquirido do Itaú para retrofit (reforma). "Escolhemos a Vitacon porque ao olhar o setor, eles cresceram enquanto outros encolheram ou quase desapareceram", disse.
O fundo, estabelecido há pouco menos de cinco anos a partir da Califórnia (EUA), é o braço de investimentos no ramo imobiliário, para América Latina, de um grande investidor institucional dos Estados Unidos com mais de US$ 1 trilhão em ativos sob gestão. Segundo Finzi, outros US$ 200 milhões devem ser colocados no país nos próximos dois a três anos.
Trata-se da maior joint-venture já fechada pela Vitacon. Com a empreitada, o VGV de projetos nesse modelo chega a R$ 4 bilhões, podendo alcançar R$ 12 bilhões nos próximos anos - volume que não considera os lançamentos exclusivos da empresa de Frankel. Há outras três parcerias de portes menores com grandes investidores institucionais em andamento - Hines, XP Investimentos e Votorantim.
O negócio fortalece a área de mercado de capitais da Vitacon, segundo Frankel. "Estamos consolidando essa estratégia, iniciada há 3 anos, de buscar diretamente grandes investidores institucionais." O mentor das estruturas inovadoras da empresa - que nos últimos meses colocou no mercado um CDB vinculado a seus empreendimentos, junto com o banco Topázio e a Caprate, e também um lançamento com escritura fracionada - é o irmão de Alexandre, André Frankel, de 37 anos.
O presidente da Vitacon explicou que a iniciativa com o fundo americano não muda os planos de, a partir de 2021, não construir mais nenhum empreendimento. Atualmente, apenas 30% das obras que incorpora, em terrenos próprios, são construídas pela empresa. O restante é terceirizado.
As 3,5 mil unidades construídas com o 7 Bridges irão todas para carteira de gestão da Housi, marca lançada pela Vitacon para a atividade de gestão imobiliária e grande aposta de Frankel. O braço de negócios tem hoje 2,5 mil unidades sob seus cuidados. Como o plano é também operar empreendimentos incorporados por outras companhias, a meta é chegar a 15 mil unidades geridas, em diversas cidades do Brasil, até o fim do ano.
Após o recorde de vendas de 2018, superior a R$ 1 bilhão, Frankel está otimista. O banco de terrenos do empresário que há cerca de um ano tinha um potencial de R$ 2,5 bilhões em lançamentos subiu para R$ 3,5 bilhões com a aquisição de novos espaços. Após a sociedade com o fundo, os lançamentos previstos para o ano devem aumentar de R$ 1,8 bilhão para R$ 2,3 bilhões.