O balanço do primeiro semestre de 2018 no mercado imobiliário baiano chegou com boas novas. Após quatro anos consecutivos de queda, a contratação de crédito para compra de imóveis voltou a crescer na Bahia (7,23% em relação ao primeiro semestre de 2017), segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).Essa movimentação foi traduzida em uma alta de 12% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado, resultado puxado, principalmente, pelos negócios no segmento de habitação popular. Apesar de o percentual ser considerado tímido frente às previsões iniciais, a notícia aponta para um segundo semestre ainda melhor para as empresas e com mais novidades para os consumidores.
Entender o quadro de reação não é difícil. Ainda no primeiro trimestre, o volume de lançamentos de novos empreendimentos cresceu, superando a marca do mesmo período de 2017 em cerca de 50%, de acordo com a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Além disso, a reabertura da linha de financiamento pró-cotista, pela Caixa Econômica, em janeiro, trouxe mais facilidades para que consumidores voltassem a utilizar o FGTS na compra do imóvel.
Menos Juros - A retomada se intensificou no mês de abril, quando a mesma Caixa reduziu as taxas de juros e aumentou o teto de financiamento, provocando uma reação dos concorrentes, que apresentaram taxas ainda mais baixas.
“O primeiro semestre seguiu o padrão de reação iniciado no ano passado. A política mais estável devolveu confiança ao consumidor, que voltou a comprar, e as novas regras de financiamento trouxeram o cliente de volta para a mesa de negociações”, diz o presidente da Ademi-BA e colunista do CORREIO, Claudio Cunha. Mesmo com os avanços do mercado, ele destaca que há margem para melhorar, incluindo uma nova rodada de redução dos juros para a compra da casa própria.
Para não deixar as boas notícias passarem, construtoras e imobiliárias se mobilizaram em campanhas para liquidar o estoque de unidades prontas entre os meses de maio e junho, a exemplo do Feirão da Caixa, que movimentou mais de 1,1 bilhão em negócios, em apenas um final de semana em Salvador. O destaque ficou por conta dos empreendimentos populares, oferecidos por empresas como MRV e Tenda.
“Este ano fechamos o semestre com 45% a mais nas vendas em relação ao período de 2017, sendo que mais de 160 unidades foram vendidas só no Feirão Caixa”, afirma o gerente regional da MRV, Luis Felipe Monteiro. “O espaço de stand que a Caixa cedeu a nós e à Tenda foi maior que às empresas que atuam em médio e alto padrão, o que é um reconhecimento que a habitação popular é a principal geradora de negócios do evento”, completa.
Expectativas - Carlos Henrique Passos, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA) e sócio da Gráfico Empreendimentos, que tem participação no setor de habitação popular em cidades do interior, diz que o ambiente de negócios também foi fortalecido fora da capital. E ele completa afirmando que as expectativas do setor para o segundo semestre seguem em alta. “Durante o Feirão da Caixa em Vitória da Conquista ficamos surpresos com a quantidade de pessoas que participaram do evento, em um final de semana chuvoso em meio à greve de caminhoneiros”, fala. “Os resultados foram bons. Pela Gráfico sentimos um avanço na resposta do público já que no primeiro semestre deste ano vendemos 150 unidades, enquanto nos 12 meses de 2017 comercializamos apenas 190”.
Para o segundo semestre, a expectativa das empresas é a de que as vendas ganhem mais volume graças aos novos lançamentos e ao aumento do poder de compra dos consumidores por causa do 13º salário. “Tradicionalmente, o segundo semestre é mais forte. Vamos aproveitar e fazer o Salão Imobiliário, em outubro, que trará excelentes oportunidades de imóveis prontos para morar a preços competitivos. Com a inflação controlada e previsão de crescimento do PIB vamos fechar um ano muito melhor que os anteriores”, diz o presidente da Ademi-BA.
Pituba é bairro mais procurado - A Pituba segue reinando soberana entre os bairros mais desejados de Salvador, segundo o levantamento realizado pelo Grupo Zap a pedido CORREIO. O bairro, antigo queridinho do soteropolitano, renovou a sua prefência ao longo do primeiro semestre de 2018, sendo seguido por Imbuí, Costa Azul, Brotas, Barra, Caminho das Árvores, Cabula, Rio Vermelho, Graça e Armação no ranking de buscas nas plataformas da empresa. Corretor e segundo vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), José Alberto de Vasconcellos atribui a preferência por bairros como Pituba, Imbuí e Costa Azul aos novos empreendimentos ao longo do período, fato que atraiu a atenção de quem está na busca de um novo local para morar.
Apesar do aquecimento apontado pelos dados da Abecip na contratação de crédito, o preço do metro quadrado sofreu variação negativa (0.53%) entre abril e maio, após crescimento nos três primeiros meses do ano, fato que, segundo Vasconcelos, não chegou a representar um impacto tão grande nos valores. “Foi uma variação baixa, que não chegou a apresentar grande diferença. Eu acredito que seja possível uma empolgação inicial com redução nas taxas, que acabou sendo freada em função da insegurança política ainda presente”, explica o corretor, para em seguida completar: “A expectativa de grande parte do setor é que passem logo esses três próximos meses para sabermos o clima que os negócios vão assumir após a eleição”.
O reflexo da insegurança, segundo José Alberto, é um fator que acaba contribuindo em favor do aluguel, movimento que, segundo o corretor, foi sentido mesmo em um mês atípico como junho. “Normalmente, junho é um período mais devagar para os contratos de aluguel, mas fiquei um pouco supreso com o volume de contratos que registramos, apesar de seguir a tendência crescente da opção por locação desde o início do ano”, diz.
Segundo o levantamento do Grupo Zap, a locação em Salvador sofreu uma leve desaceleração a partir de abril e seguiu constante até o fechamento do semestre, em alta de 3.38% graças ao saldo positivo acumulado por este tipo de negociação desde junho do ano passado.