O mercado paulistano de locação de escritórios de alto padrão apresentou, em 2017, a primeira queda da taxa de vacância desde 2011, conforme levantamento da Colliers International Brasil. "Começamos a ver uma luz no fim do túnel", afirma o presidente da consultoria, Ricardo Betancourt. A vacância está em 23% neste fim de ano, ante 25% em dezembro de 2016. A Colliers projeta que, no próximo ano, o indicador ficará abaixo de 20% nos empreendimentos A e A+.
"Em 2019, a vacância de escritórios será menor do que 15% e, em 2020, chegará a um dígito em São Paulo", diz Betancourt.
Neste ano, a redução da fatia de espaços vagos em relação ao total resultou da queda das entregas de edifícios corporativos e do aumento da procura. Entre 2012 e 2015, a área entregue, anualmente, superou 300 mil metros quadrados. O mercado recebeu 205 mil metros quadrados novos, no ano passado, e cerca de 190 mil metros quadrados em 2017. "No próximo ano, o total entregue não chegará a 100 mil metros quadrados", diz o presidente da Colliers.
O ciclo de produção de escritórios de alto padrão é de três anos.
Houve demanda tanto pelo movimento conhecido, no jargão do setor, como "flight to quality" - de migração de ocupantes para escritórios de melhor qualidade - quanto pela busca de mais espaços por empresas de "coworking", ou seja, de espaços de trabalho compartilhado.
Na cidade de São Paulo, a absorção líquida - diferença entre áreas contratadas e devolvidas - ficou próxima a 200 mil metros quadrados neste ano, comparado a 154 mil metros quadrados no ano passado, de acordo com a Colliers. "Em 2018, a absorção líquida será superior a 200 mil metros quadrados, podendo chegar a 220 mil metros quadrados", afirma Betancourt.
A combinação de menos entregas e mais demanda leva o presidente da Colliers a estimar que os preços pedidos de locação "começarão a reagir, levemente, no primeiro semestre de 2018, em São Paulo".
"No Rio de Janeiro, porém, este é o segundo ano consecutivo de absorção líquida negativa. A vacância deve atingir 40%, ante 32% um ano atrás. O cenário não deve mudar muito em 2018", diz Betancourt. Os preços pedidos ficaram estáveis, em 2017, na comparação com o ano passado. "Mas a diferença entre o preço pedido e fechado continua grande", afirma o executivo.
No segmento de galpões, a vacância aumentou um ponto percentual, neste ano, para 27%, considerando-se o mercado nacional. Há perspectiva de queda da taxa de vacância, de acordo com o presidente da Colliers, e "pequena reação dos preços" em 2018. "Será um ano de virada", afirma Betancourt.
As entregas de galpões, em 2018, são estimadas entre 250 mil metros quadrados e 270 mil metros quadrados, ante 760 mil metros quadrados neste ano. Os maiores demandantes de áreas têm sido e-commerce (comércio eletrônico) e os setores farmacêutico e automotivo.
Em relação ao impacto das eleições presidenciais do próximo ano nos segmentos de escritórios e de galpões, Betancourt afirma que a reação será melhor se um candidato com perfil mais de centro estiver à frente das pesquisas. "O mercado evita extremos", diz o executivo.