(Valor Econômico – Empresas – 29/04/2019)
Chiara Quintão
A Urbplan - loteadora em recuperação judicial há um ano - tem conseguido reter parte dos clientes que tinham solicitado distrato, elevar o ritmo de comercialização e já considera antecipar a retomada de lançamentos para 2020, segundo Nelson Bastos, da Ivix Value Creation, consultoria à frente da empresa desde setembro de 2017.
Há seis meses, a retomada dos lançamentos era estimada para 2021. O executivo conta que passou a trabalhar com o horizonte de 2020 em decorrência da melhora do mercado. A loteadora conversa com dois potenciais parceiros para projetos destinados à média renda, no Estado de São Paulo, e tem interesse em desenvolver empreendimentos no Sul de Minas Gerais, Paraná e em Santa Catarina.
Em outubro, a Urbplan começou a atuar com a marca Tua Terra, como parte de novo modelo de comunicação com consumidores. Segundo Bastos, o volume de vendas mensal, desde que a nova estratégia comercial foi adotada em setembro, supera 100 lotes, ante o patamar médio de 20 a 30 unidades dos últimos quatro anos. "Era um número muito pequeno diante de um estoque disponível de 7 mil lotes", afirma o executivo.
Para acelerar vendas, a Urbplan concede descontos nos pagamentos à vista; comercializa unidades em 24 meses sem juros; 48 meses com juros mas sem correção monetária; e 108 meses com taxa de 6% ao ano mais inflação. Até meados de 2018, a loteadora financiava clientes com cobrança de correção monetária mais 12% ao ano.
Segundo Bastos, a redução das taxas resulta na retenção de clientes que estavam em processo de distrato de lotes. "Há quase 300 situações em que conseguimos trazer clientes de volta com novos contratos." A loteadora teve 751 ações referentes a distratos em 2016, 721 em 2017 e 385 no ano passado. "Esperamos um número muito menor em 2019."
A urbanizadora tem 71 empreendimentos com as obras concluídas, mas três deles não possuem Termo de Vistoria de Obra (TVO) pendentes. De acordo com o executivo, trata-se de pendências de terceiros, como concessionárias de água, e não da Urbplan.
Bastos diz que a loteadora tem conseguido cumprir todos os requisitos da recuperação judicial e está em dia com obrigações trabalhistas em relação aos funcionários e aos que foram demitidos. "Todos os pagamentos devidos após o pedido de recuperação estão em dia", acrescenta.
Recentemente, a liminar que suspendia a autorização para que a Urbplan fizesse a consolidação substancial - apresentação de um plano de recuperação para 50 empresas - foi derrubada. Bastos espera que a assembleia geral de credores para votar o plano de recuperação judicial ocorra em junho.
Na semana passada, o juiz Thiago Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, indeferiu o pedido de falência da Urbplan solicitado pelo Ministério Público. Esse pedido havia sido reforçado pela Gaia Securitizadora, credora da empresa de loteamentos.