Os depósitos de poupança registraram em setembro captação recorde para o mês desde o início do levantamento do Banco Central sobre a aplicação, em 1995. Há um duplo significado nos números, pois não só as famílias deram indicação de que dispõem de recursos para economizar, como também, no momento, dão preferência a ampliar suas reservas a aumentar o consumo.
Os recursos líquidos aplicados em setembro (ou seja, excluídas as retiradas) foram de R$ 6,78 bilhões no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e de R$ 1,76 bilhão na poupança rural, captada principalmente pelo Banco do Brasil. Com os R$ 8,5 bilhões líquidos captados no mês passado, os saldos totais das cadernetas atingiram cerca de R$ 776 bilhões, dos quais quase R$ 600 bilhões no SBPE, cujos recursos se destinam majoritariamente a financiamentos habitacionais. A captação líquida do SBPE de R$ 15,76 bilhões nos primeiros nove meses do ano superou a de 2017, de R$ 14,77 bilhões. Como o último trimestre é, sazonalmente, o mais forte para a captação de poupança, as entradas anuais também poderão ser recordistas.
A determinação recente das famílias de elevar as provisões financeiras também apareceu na captação dos fundos de investimento de R$ 29,4 bilhões no terceiro trimestre, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os números são bem inferiores aos de igual período de 2017, mas cabe lembrar que, no segundo trimestre deste ano, havia ocorrido saque líquido de R$ 12,4 bilhões.
O ingresso de recursos na mais conservadora das aplicações – as cadernetas –, com rentabilidade inferior a 0,4% ao mês, é indicativo da busca da maior segurança possível numa fase de incertezas. É provável que esse comportamento seja diferente depois das eleições, quando ficar conhecida a política econômica do presidente eleito.
Para a habitação, o aumento de recursos em cadernetas é uma boa notícia, pois permitirá a ampliação da oferta de crédito imobiliário. Na medida da queda dos juros cobrados pelos bancos e, em especial, pela Caixa Econômica Federal, será mais fácil uma reativação consistente do mercado imobiliário. Esse mercado depende de crédito para todas as faixas de compradores, sabendo-se que o SBPE alcança principalmente a classe média.