(Valor Econômico – Empresas – 26/06/2019)
Chiara Quintão
A incorporadora e gestora imobiliária Tishman Speyer está mais otimista, em 2019, em relação ao setor do que nos anos anteriores, mas mantém uma postura cautelosa em relação ao lançamento de projetos por considerar que a volatilidade continuará no novo ciclo. "Precisamos de pelo menos cinco anos com juros no patamar atual para que a infraestrutura e os investimentos avancem de forma sustentável", diz o presidente da Tishman no Brasil, Daniel Cherman.
No curto prazo, o foco das aquisições de terrenos, da busca de aprovação dos projetos e do lançamento de empreendimentos da Tishman será o mercado paulistano, "onde a demanda já foi retomada", segundo Cherman. A gestora tem imóveis em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília e em Nova Lima (MG).
Neste ano, a Tishman pretende lançar projeto residencial em região entre os Jardins e o Itaim Bibi, na zona Sul da cidade de São Paulo, e um empreendimento comercial próximo à Marginal do Rio Pinheiros. "Vamos lançar bons produtos, com pouca alavancagem e manter nossa visão de longo prazo", conta Cherman. O Valor Geral de Vendas (VGV) dos dois empreendimentos ainda está em definição. A Tishman tem outros projetos aprovados que, caso haja demanda, poderão ser apresentados em 2019.
Em outubro, a gestora lançou projeto de uso misto - residencial, comercial e varejo - nos Jardins, na capital paulista, com VGV de R$ 450 milhões. Desde 2014, a Tishman não apresentava projetos. Segundo o executivo, a expectativa é atingir 40% de vendas no início do próximo mês, quando as obras do empreendimento terão início.
Cherman afirma que a taxa de vacância de escritórios corporativos de alto padrão está caindo, e que empresas que precisam de áreas maiores têm poucas opções de imóveis classe A na cidade de São Paulo. "O mercado está voltando. Estamos começando a ver pré-locações, movimento que aconteceu muito no ciclo passado", afirma o executivo.
Ele ressalta que, no ciclo passado, houve boa absorção de escritórios pelos inquilinos a preços mais baixos. "No novo ciclo, os preços terão recuperação", diz, acrescentando que espera pressões de alta a partir de 2020 no mercado paulistano.
Em relação ao mercado residencial, Cherman afirma que a liquidez das vendas de imóveis dos padrões médio e alto "melhorou depois das eleições". Segundo o executivo, houve "pequena retração" em abril e maio, devido à demora na aprovação da reforma da Previdência, seguida de melhora neste mês.
A Tishman fechou contrato com a DuPont para erguer edifício em que funcionarão escritórios e centros de pesquisa e desenvolvimento da empresa, em Barueri (SP). O projeto tem modelo de construção sob medida (build to suit), com contrato de locação de pelo menos 15 anos, e previsão de entrega em setembro do próximo ano.
Com 21 mil metros quadrados de área útil, o prédio ser ocupado pela DuPont terá sete andares, dois subsolos e um laboratório de balística, e fará parte do complexo Castelo Branco Office Park. Nas duas torres do complexo já em operação, estão empresas como Enel (antiga AES Eletropaulo) e Azul. A BR Properties possui um dos edifícios. À medida que a demanda por escritórios corporativos na região crescer, a Tishman vai desenvolver outras torres do Castelo Branco Office Park.
Os recursos para a construção do empreendimento e do projeto de uso misto cujas obras começam em julho são originados de fundo de US$ 250 milhões captado no ano passado.
Na semana passada, foi concluída captação de fundo de investimento imobiliário) lastreado na fatia de 85% do Green Towers (cerca de 90 mil metros quadrados), empreendimento localizado em Brasília, que pertencia à Tishman. A gestora vendeu ao fundo sua parcela no empreendimento, alugada para o Banco do Brasil. A captação chegou a R$ 1,2 bilhão e foi feita pela Votorantim Asset, gestora de recursos do Banco Votorantim. Foi o maior fundo imobiliário captado em seis anos no país.