(Valor Econômico – Empresas – 09/10/2018)
Chiara Quintão
A Tecnisa vai adotar estratégia de lançamentos em parceria com fundos e será minoritária nos projetos, segundo o presidente da companhia, Joseph Nigri, informou ao Valor. "Vamos monetizar parte do que investimos em terrenos e teremos exposição de caixa menor", afirma Nigri.
O modelo possibilita, segundo o presidente da Tecnisa, taxas de retorno mais elevadas. A partir de determinado patamar de vendas, a incorporadora terá percentual do resultado superior ao do sócio. A retomada da apresentação de projetos ao mercado também vai contribuir para a redução de custos fixos.
A execução da nova estratégia começará por três empreendimentos, localizados na cidade de São Paulo, nos quais a Tecnisa terá 20% de participação e um fundo estrangeiro será majoritário com 80%. As negociações com o fundo estão em fase de "due dilligence" (análise de dados).
Esses lançamentos estão previstos para o primeiro semestre de 2019. Trata-se de dois projetos da faixa 3 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e um empreendimento com unidades de quatro dormitórios e valor de até R$ 1,4 milhão, enquadradas no novo limite para uso dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de R$ 1,5 milhão.
Há conversas em curso com outros fundos. "A disponibilidade de fundos em negociar se acentuou depois das eleições", diz o diretor financeiro e de relações com investidores da Tecnisa, Flávio Vidigal de Cápua.
No Jardim das Perdizes, maior projeto da companhia, desenvolvido na zona Oeste da capital paulista, o novo modelo não será adotado, mas a companhia está sempre aberta a negociações, segundo Nigri. A Tecnisa tem 57,2% do Jardim das Perdizes, e os demais 42,5% são da Hines. A companhia avalia com os sócios o melhor momento para retomar lançamentos do empreendimento.
Nigri afirma estar otimista em relação ao mercado, ao novo governo - liderado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) - e à aprovação de regulamentação para os chamados distratos.
Segundo o presidente da companhia, do terceiro para o quarto trimestre, a incorporadora passou por seu ponto de inflexão. As vendas líquidas de outubro chegaram a R$ 30 milhões. "Tivemos recorde de visitas no mês", diz.
No terceiro trimestre, as vendas líquidas da Tecnisa ficaram negativas em R$ 4,2 milhões. As vendas brutas caíram 64%, para R$ 64 milhões, e os distratos tiveram queda de 40%, para R$ 68 milhões. A companhia registrou receita líquida negativa em R$ 26,4 milhões de julho a setembro.
O prejuízo líquido da Tecnisa recuou 48,3%, na comparação anual, para R$ 73,4 milhões. A diminuição da perda resultou da redução de despesas. Houve queda de 9% das despesas gerais e administrativas, para R$ 15 milhões. O resultado financeiro líquido foi um prejuízo de R$ 8,6 milhões, 52% menor do que o de um ano antes.
A rubrica "outras despesas operacionais" ficou em R$ 7 milhões, o que representa queda de 91%. Essas despesas se referem a gastos com indenizações a clientes, provisões para contingências judiciais, gastos com manutenção de projetos concluídos, amortização de remensuração do investimento no Jardim das Perdizes feita no fim de 2015 e reversão da provisão para distratos.