(Valor Econômico - Finanças - 04/04/2019)
Danylo Martins
Assim como participação em startups, o investidor pessoa física pode comprar uma fatia em empreendimentos imobiliários via financiamento coletivo. Enquanto no mundo a indústria de crowdfunding imobiliário movimentou US$ 34,4 bilhões em 2017, no Brasil a modalidade é recente e as primeiras plataformas começam a ganhar força.
Desde 2015, a Urbe.me já fez 25 rodadas, com captação de R$ 35 milhões no total. Desse montante, R$ 21,4 milhões foram captados no ano passado, quantia 303% superior aos R$ 5,3 milhões de investimentos em 2017. "Estamos com 4.000 investidores ativos e mais de 30 mil usuários cadastrados. Nosso público é o investidor que gosta do risco", conta Lucas Obino, sócio-fundador da Urbe.me.
Por meio da plataforma, é possível investir um valor mínimo de R$ 1.000, em projetos cujo prazo varia de 12 a 36 meses, normalmente. Ao comprar uma cota, o investidor adquire o direito a uma participação sobre o Valor Geral das Vendas (VGV) do empreendimento. A rentabilidade projetada costuma ficar entre 15% e 18% ao ano, mas há sempre o risco de perdas também.
"Como está aplicando em um título de dívida, a pessoa precisa avaliar bem a incorporadora porque não há cobertura do FGC, nem garantias reais", explica Obino.
A Glebba foi lançada em agosto de 2018. Diferentemente da Urbe.me, o foco da empresa é o mercado de loteamentos, e não de incorporação. Segundo Francisco Perez, head de investimentos da Glebba, o brasileiro costuma atrelar terrenos à proteção financeira, principalmente por uma memória inflacionária. Já o loteador tem dificuldade em tomar crédito para a produção e financiamento das obras, afirma Perez. "O ciclo é mais curto: entre lançamento e entrega, de dois a três anos."
No ano passado, a plataforma fez uma captação de pouco mais de R$ 1 milhão para o Cânions Residence Marina, condomínio fechado de alto padrão, no município de Piranhas (AL). Composto por 441 lotes, o empreendimento conta com 80% das unidades já comercializadas, segundo informação disponível no site da plataforma. Em 2019, outra operação foi a do condomínio fechado Caribe Golf & Spa, em Palmas (TO), que captou R$ 738 mil. Ambas as ofertas permitiram aplicações mínimas de R$ 5.000.
Para este ano, a empresa prevê movimentar em torno de R$ 25 milhões com 15 captações.