(Veja – Economia – 13/10/2020)
Juliano Ohta, CEO da Telhanorte Tumelero, divisão de varejo especializado em materiais de construção do grupo Saint-Gobain no Brasil, tem motivos para comemorar. Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, o segmento de materiais de construção é um dos que mais crescem desde março, início da disseminação do novo coronavírus no país. Em agosto, por exemplo, a variação positiva para as vendas frente ao mesmo mês de 2019 foi de 24,1%. Com as medidas restritivas, as pessoas passaram a trabalhar e estudar de forma remota. E decidiram investir para melhorar o ambiente onde vivem. Com isso, o consumo de itens para reformas e decoração disparou, o que tem sustentado um crescimento acelerado desse mercado. Não tem sido diferente com as redes Telhanorte e Tumelero, que somam 72 operações físicas espalhadas por São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. “Nosso faturamento tem crescido entre 30% e 40% em relação ao que vendíamos antes da pandemia”, diz Ohta. “O consumidor pegou o hábito de comprar pela internet. Ele gostou dessa conveniência.”
O mercado da construção passa por um novo boom. Tanto a construção civil como as reformas para o lar cresceram durante a pandemia. Como isso impactou o negócio da Telhanorte? Tivemos um impacto negativo no começo da pandemia. Por conta das medidas restritivas, a circulação de pessoas foi reduzida. Mas, a partir do meio de abril, elas começaram a consumir muito material para reparo e manutenção do lar. Como estavam ficando mais em casa, passaram a enxergar a necessidade de melhorar o ambiente. E consumiram mais itens de decoração, como quadros, retratos, papel de parede e tintas para pintura. Depois disso, em meados de maio, veio uma demanda forte de produtos para grandes reformas. Foi quando muitos prédios e condomínios começaram a ser erguidos também. Foi quando o boom do mercado começou realmente.
Qual foi o impacto do home office nesse movimento? Como as pessoas estão vendo que a pandemia vai durar mais tempo do que imaginavam e, por isso, vão passar mais tempo em casa, começaram a ver o lar de outra forma. Antes, elas tinham de encarar a parede do escritório da casa uma vez a cada ano. Agora, se deparam dez vezes ao dia. E não é só o trabalho em casa. A escola também passou a ser em casa, o lazer, o restaurante e até a boate. Por isso, as pessoas buscaram ressignificar o lar durante a pandemia. No início, houve uma procura muito grande por itens de manutenção e reparo. Mas, logo isso cresceu, impactando positivamente as vendas de produtos para decoração, jardinagem e organização da casa. Isso foi determinante para os nossos negócios.
E como tem sido esse crescimento? O nosso e-commerce, nos meses mais críticos da pandemia, cresceu três vezes em relação ao que vendíamos anteriormente. Hoje, mesmo depois da reabertura das lojas físicas, as vendas pela internet continuam crescendo. O consumidor pegou o hábito de comprar online. Ele gostou dessa conveniência. Ao todo, nosso faturamento tem crescido entre 30% e 40% em relação ao que vendíamos antes da pandemia.