A Hines - gestora de fundos focada no mercado imobiliário e desenvolvedora de empreendimentos - projeta lançar R$ 1,5 bilhão, neste ano, em parceria com seus sócios em projetos - Cyrela, Tecnisa, Vitacon e Stuhlberger Construtora e Incorporadora. Trata-se do maior o Valor Geral de Vendas (VGV) já realizado pela gestora no país. No ano passado, a Hines apresentou R$ 550 milhões ao mercado e vendeu R$ 700 milhões, incluindo a participação dos sócios nos empreendimentos. As vendas de estoques cresceram 30%.
"O Brasil é visto pela Hines mundial como um dos países mais atrativos em relação ao mercado imobiliário", afirma o presidente no país, Antônio Ferreira. A avaliação baseia-se, segundo o executivo, em fatores como recuperação do crescimento da economia, expectativa de expansão de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), parcela jovem da população e realinhamento de preços já ocorrido em decorrência da crise. "A demanda por imóveis vai crescer de modo geral", diz.
Segundo Ferreira, o ano de 2017 foi positivo para a gestora nos segmentos residencial, de escritórios e de galpões no Brasil.
Na avaliação do executivo, a expansão da economia poderá ser acelerada conforme o resultado das eleições. "Olhamos o país a longo prazo com um cenário de crescimento desde que se mantenha o compromisso de executar reformas e ajustes que o país precisa", conta Ferreira.
A maior parte do total de R$ 1,5 bilhão a ser lançado neste ano refere-se a empreendimentos residenciais, direcionados para as classes média, média-alta e alta na capital paulista. A recuperação do mercado residencial começou no segundo semestre do ano passado, de acordo com Ferreira. Além dos compradores finais, tem havido demanda por parte de pequenos investidores que adquirem unidades para renda por meio de aluguel.
Há também projeto de uso misto que será apresentado em parceria com a Cyrela. De acordo com Ferreira, a projeção para o ano inclui a retomada de lançamentos do Jardim das Perdizes, empreendimento desenvolvido na zona Oeste de São Paulo, do qual a Hines possui 42,5%, e a Tecnisa detém a fatia majoritária de 57,5%.
Em galpões, a Hines possui 844 mil metros quadrados, distribuídos nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, e em Manaus. A gestora está voltando a procurar terrenos para novos desenvolvimentos em São Paulo. "No ano passado, alugamos mais 80 mil metros quadrados de galpões e não tivemos nenhuma redução de área", informa.
No segmento, a vacância total é de 20%, com concentração no Rio de Janeiro e Manaus. A gestora tem conversas na capital amazonense, que responde por 40% das áreas vagas, para novas locações para empresas de eletroeletrônicos, peças para motos e autopeças.
A Hines está negociando compras de ativos de escritórios comerciais. "Os preços se estabilizaram, mas ainda há oportunidades de aquisições", diz Ferreira. A gestora tem interesse em imóveis classe A e em empreendimentos de padrão B, "com boa localização, nos quais seja possível agregar valor pela melhora da tecnologia", de acordo com Ferreira. A Hines possui dois prédios na capital paulista, no total de 45 mil metros quadrados sem vacância.
"No quarto trimestre do ano passado, começou a inflexão do mercado comercial de São Paulo", afirma o executivo, acrescentando que a vacância segue elevada, mas o ritmo de queda está mais expressivo, os preços de locação se estabilizaram e, em algumas regiões, não há disponibilidade de áreas contíguas. Futuramente, a atuação no segmento poderá se expandir para o Rio de Janeiro, mercado cuja retomada deve levar mais de um ano, na avaliação de Ferreira.
A Hines possui também uma outlet, em Taubaté (SP), inaugurada em novembro de 2017. A locação do empreendimento chega a 60%. No prazo de 18 a 24 meses, a gestora vai decidir se continuará no segmento.
Outra área de atuação é a de gestão de propriedades comerciais, próprias e de terceiros. Há intenção de expandir os serviços de gestão de propriedade para novos clientes, neste ano, em São Paulo e no Rio de Janeiro.