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Número de imóveis comerciais vagos aumenta em 2020 e tendência segue de alta

13/01/2021 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(G1 - Economia - 13/01/2021)

Darlan Alvarenga

 

Com a pandemia de coronavírus, o número de imóveis comerciais vagos aumentou ao longo de 2020 nos maiores centros urbanos do país e a tendência permanece de alta, segundo levantamento da consultoria Buildings, que monitora o mercado imobiliário brasileiro.

A chamada taxa de vacância, que calcula o percentual de imóveis vazios, que no 1º trimestre do ano passado (pré-pandemia) estava em 13,32% e em trajetória de queda na cidade de São Paulo, saltou para 17,29% no 4º trimestre – o maior patamar desde o 1º trimestre de 2019 (17,47%). O índice considera os prédios de escritórios de todos os tipos (classes A, B e C).

Já no Rio de Janeiro, a taxa de imóveis vagos subiu de 22,22% no 1º trimestre de 2020 para 24,05% nos últimos 3 meses do ano, novo recorde histórico, superando a marca registrada no 4º trimestre de 2017 (22,99%). Entre os imóveis classe A, o percentual foi ainda maior: 39,98%.

De acordo com Fernando Didziakas, sócio-diretor da Buildings, o aumento do número de escritórios vagos é reflexo direto da crise trazida pela pandemia, que fez crescer o número de devoluções de áreas ocupadas e de rescisões de contratos de aluguel.

“É puro impacto de pandemia. Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2020 a expectativa era que a vacância baixasse para a casa de 10%. Daí veio a pandemia e quebrou o ciclo, que era de queda. Agora, tivemos essa inversão e temos um ciclo de alta de vacância", afirma.

300 mil metros quadrados devolvidos em SP

Só na cidade de São Paulo, 302 mil metros quadrados de escritórios foram devolvidos de abril a dezembro, sendo 101 mil metros quadrados em edifícios de alto padrão, de acordo com o indicador de absorção líquida da Buildings, que mede a diferença entre o que as empresas ocupavam e passaram a ocupar.

Além disso, contribuiu também para o aumento do percentual de imóveis vazios a conclusão de novos empreendimentos de grande porte como o Birmann 32, com quase 50 mil metros na região da avenida Faria Lima, e a inauguração de uma das torres do Parque da Cidade, com 40 mil metros, nas proximidades do shopping Morumbi.

Reportagem publicada pelo G1 no ano passado mostrou que o home office prolongado ou até mesmo permanente e a crise econômica motivaram uma revisão dos planos de negócios, com muitas empresas decidindo enxugar o tamanho das áreas ocupadas.

“Na minha percepção, 50% das empresas que devolveram é porque estão sobrevivendo bem ao modelo home office e vão continuar assim por um período. Não sei se de forma permanente, mas muitas perceberam que conseguem rodar bem assim. Os outros 50% são empresas que devolveram seus escritórios por uma pura necessidade de caixa", avalia o especialista.

Segundo dados do IBGE, 7,3 milhões de brasileiros (9,1% da população ocupada) estava trabalhando de forma remota (à distância, home office) em novembro. Em outubro, o percentual era de 9,6% (7,6 milhões de pessoas).

Preços em queda

Com a maior vacância e aumento das devoluções, o preço médio dos imóveis comerciais ficou com pouca margem para reajustes em 2020, com queda abrupta dependendo da região.

Segundo pesquisa FipeZap, os preços de venda e de aluguel de imóveis comerciais tiveram queda de 1,08% em 12 meses no acumulado até novembro. Já o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários da bolsa (IFIX) fechou o ano de 2020 com variação negativa de -11%, refletindo o aumento da vacância, das devoluções e também a maior inadimplência.

O sócio-diretor da Buildings destaca, porém, que em algumas regiões da cidade houve alta nos preços do metro quadrado.

"Em linhas gerais, os preços estão mais baixo. Tem regiões que está caindo muito, tem regiões que quase não caem e tem regiões inclusive que o preço está subindo. A região da Faria Lima, por exemplo, está com uma vacância entre 7% a 8%”, observa.

Expectativas para 2021

Na avaliação da consultoria, a taxa de vacância continuará em trajetória de alta pelo menos até o final do primeiro semestre por conta ainda das devoluções em negociação e das entregas de edifícios que foram postergados para 2021.

"A quantidade de devoluções no 4º trimestre foi menor que no terceiro, mas ainda assim maior que a tomada de novos espaços", destaca Didziakas.

"A depender de como as coisas andam, de vacina e da economia, pode ser que essa curva comece a cair no segundo semestre, mas essa já é uma visão mais otimista”, acrescenta.

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