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Mercado imobiliário se molda a preferências de paulistanos

05/06/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(DCI – Imóveis – 05/06/2019)

Rebecca Emy

O mercado imobiliário vem percebendo mudanças nas preferências dos paulistanos em relação à compra de imóveis. O tamanho dos empreendimentos está perdendo para a localização. Além disso, a opção de alugar ao invés de comprar tem se fortalecido.

Para o vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi-SP, Elbio Fernandez Mera, as principais mudanças nas preferências dos paulistanos seguem dois modais. O primeiro é o de mobilidade, ou seja, os consumidores têm apostado mais em comprar ou alugar imóveis considerando sua proximidade com estações de metrô e linhas de ônibus do que em relação ao tamanho.

“As pessoas querem morar a, no máximo, 30 minutos de onde onde trabalham”, afirma. Esse critério, segundo ele, acaba sendo mais importante que as características do apartamento ou da casa negociada, como o tamanho.

Outro modal que tem conduzido as preferências do paulistano, na visão de Mera, é a proximidade com as opções de lazer da cidade. Ele explica que as regiões ao entorno de parques, por exemplo, estão bem valorizadas e com grande demanda. “Os consumidores querem estar próximos de áreas verdes e ter um local para ‘esticar as pernas’ no fim de semana”, comenta o executivo.

Já para o economista-chefe do Grupo ZAP, portal de informações sobre o mercado imobiliário e de classificados, Sergio Castelanni, a principal mudança no perfil do consumidor foi o crescimento das buscas por aluguel.

Na visão do especialista, o gatilho para essa alteração foi o período de crise enfrentado pelo segmento nos últimos anos. “Os consumidores que queriam comprar um empreendimento, com a crise, passaram a querer alugar. Ou então procuraram por uma casa menor”, analisa.

De acordo com ele, o ápice da crise no mercado imobiliário ocorreu entre 2012 e 2013, com preços estagnados e, em alguns casos, com queda. Segundo um estudo da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), divulgado nesta semana, em 2012, foram comprados ou vendidos 146.779 imóveis. Nos últimos 12 meses, encerrados em março, esse número caiu para 112.956 unidades.

Castelanni avalia que, embora a procura por locação esteja cada vez maior, o mercado nacional de aluguéis de imóveis ainda é pequeno em comparação com o de países desenvolvidos. A previsão, porém, é que o segmento se consolide nos próximos anos. “As famílias estão cada vez menores e não valorizam tanto a casa própria ou imóveis muito grandes”, diz.

Fonte de renda - Mera, do Secovi-SP, considera que a percepção dos consumidores mais velhos em relação ao retorno financeiro que o mercado imobiliário oferece está fomentando a procura por locação. Ou seja, o interesse dos paulistanos, principalmente os que estão na chamada “terceira idade”, na compra de imóveis para, posteriormente, alugá-los vem ganhando força nos últimos anos.

“Quem está com mais idade pensa como vai ser sua aposentadoria. Por isso, ao analisar o cenário atual, acabam preferindo comprar um imóvel e contar com a renda de aluguel”, afirma o especialista.

Ele explica que, atualmente, o mercado vende ou aluga imóveis para três gerações diferentes. Segundo Mera, é preciso considerar as preferências dos Baby Boomers (pessoas nascidas até a década de 1960); os Millennials (nascidos entre 1980 e 1990); e os jovens da “geração z” (nascidos em meados de 2000). “Quanto mais jovem, maior a preferência por praticidade e por morar perto de locais com fácil acesso ao transporte e ao lazer”, afirma.

Além disso, os especialistas consideram que os bairros do centro ou aqueles mais consolidados e, logo, os mais valorizados, estão com a maior vantagem na preferência dos paulistanos. Segundo um levantamento divulgado pela imobiliária Lello nesta semana, considerando o primeiro quadrimestre de 2019, a média do valor de aluguéis nos bairros Pinheiros e Itaim é de R$ 3,5 mil mensais. Já em Santana, a média é de R$ 1,9 mil.

Garagens - A pesquisa realizada pela Lello também revelou que 84% dos contratos firmados foram para apartamentos, os outros 16% para casas residenciais. Um dos pontos que favorecem a escolha por apartamentos, segundo Mera, é que a maior parte das pessoas que moram na capital não necessita mais utilizar garagens.

“Pelo mesmo valor, as pessoas trocam as casas com garagem por outras que não tem espaço para veículos, mas compensam com um ou dois cômodos a mais”, diz.

Para atender a esta demanda, de acordo com Castelanni, o mercado já vem se adaptando há algum tempo. Ele explica que os lançamentos já estão sendo menores e, em muitos casos, sem garagens. “Atender a essas mudanças é um processo demorado, envolve planejamento e construção. No entanto, o segmento já está se moldando para isso”, afirma o especialista.

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