O executivo Dilton Junqueira, diretor-geral da Brasal Incorporações, tem, neste segundo semestre, aquilo que ele considera um dos mais empolgantes desafios de seus 15 anos na empresa: o lançamento e a entrega de três luxuosos empreendimentos imobiliários na capital federal, que somam cerca de R$ 500 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV). “Estamos animados com o reaquecimento do mercado da construção em todo o país, mas especialmente otimistas com Brasília, onde a demanda por imóveis de alto padrão tem subido muito”, afirma Junqueira.
Não por acaso, a Brasal lançará no bairro Noroeste, no início de setembro, um sofisticado edifício com apartamentos de 268 a 470 metros quadrados e preços que ultrapassam R$ 3,5 milhões. Os 24 apartamentos, considerados um dos mais luxuosos da cidade, terão novos conceitos de mobilidade, segurança e automação. “Há muita gente em Brasília se mudando de mansões para apartamentos de luxo, em busca de comodidade e segurança”, diz Junqueira.
O empreendimento não é o único. A própria Brasal começará a entrega de outros dois lançamentos de alto padrão. O Reserva das Artes, lançado em maio de 2015, possui todos os apartamentos vazados, com até 198 metros quadrados e elevador panorâmico. Já o Gran Reserva Biografia, lançado em julho de 2016, com coberturas de 520 metros quadrados vendidas por cerca de R$ 5 milhões, se consolidou como o que há de mais avançado dentro do conceito de exclusividade.
“Brasília sentiu menos os impactos da crise que atingiu a economia brasileira e derrubou o setor imobiliário no país nos últimos anos”, afirma Junqueira. Segundo o executivo, a aceleração do mercado da construção na capital será a principal responsável pelo crescimento de 15% do faturamento da companhia neste ano, na comparação com 2017. “Nosso desempenho mostra que estamos saindo da crise do setor muito mais fortes do que quando entramos nela, resultado de um empenho incrível de todos os funcionários da empresa.”
Esse ambiente positivo para o lançamento de imóveis de alto padrão em Brasília tem sido fortalecido por uma conjunto de fatores econômicos. A capital federal tem hoje o chão mais cobiçado do mercado imobiliário. O metro quadrado dentro do Plano Piloto, a área mais valiosa da cidade, custa, em média, R$ 7.855 — acima dos R$ 6.008 da capital paulista; dos R$ 5.927, do Rio de Janeiro; e dos R$ 4.623, de Curitiba.
Cenário positivo - É nesse cenário de prosperidade e valorização que a construtora Via Empreendimentos vai lançar dois projetos de alto padrão neste segundo semestre: o Via Sublime, com apartamentos de 320 a 634 metros quadrados, que podem custar até R$ 7 milhões, e o Via Trianon, com unidades de 205 a 389 metros quadrados, com valor superior a R$ 2,3 milhões.
“O consistente PIB per capita de Brasília fez com que a demanda por imóveis de alto padrão se mantivesse sólida nos últimos anos”, garante Jacques Simbalista, diretor comercial e de marketing da empresa. “A nossa expectativa é muito boa, já que tem se intensificado a busca por apartamentos em Brasília, que oferecem mais praticidade com menor custo.”
Enquanto o Via Sublime tem elevador panorâmico no centro, hall social privativo, espaço para louçaria e até ambiente próprio para adega, o Via Trianon reúne elementos de alto padrão em seus serviços e acabamentos.
Por mais que a crise tenha afetado negócios em todo o país, a capital federal passou ilesa pelos efeitos negativos da queda da renda e dos investimentos. Segundo o Índice de Velocidade de Vendas (IVV), elaborado pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF) e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), a alta acumulada até abril deste ano foi de 7,5%, a segunda melhor marca em sua história.
O levantamento foi realizado com informações de 32 empresas, responsáveis por 87% das ofertas do mercado imobiliário local. No restante do país, o segmento de empreendimentos imobiliários de alto padrão também se mostra aquecido. Segundo a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), esse nicho cresceu 69,6% em um ano, contra 27,1% da média do mercado. Para o presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, as recentes mudanças nas regras dos distratos deverão encorajar mais investimentos em imóveis de alto valor. “Muitas incorporadoras deixaram de investir porque não era possível se planejar com um índice de distrato acima de 40%”, diz.
Para trás - O otimismo reflete o estado de espírito de vários outros executivos ligados à construção civil da capital federal. Para o diretor da Emplavi, Gil Henrique Pereira, o mercado imobiliário de Brasília deixou para trás os problemas vividos entre 2015 e 2016, e está consolidando uma trajetória de crescimento de um ano e meio para cá, principalmente no segmento de alto padrão.
“Neste ano, fizemos dois lançamentos no Noroeste, um em fevereiro e outro em abril. Por isso, podemos dizer que o ano começou bem para a empresa”, afirmou Pereira. “Percebemos alguma contaminação do mercado por causa das eleições e as incertezas que estão embutidas, mas depois das eleições, seja quem for o eleito, as pessoas vão se remanejar e voltarão a fechar negócio, o que deve reduzir bem os estoques e estimular mais lançamentos”, afirmou. A Emplavi lançou dois empreendimentos de luxo no Noroeste de Brasília, o Jardim dos Lírios e o Parque das Tulipas.
Para o diretor-comercial da construtora PauloOctávio, Pedro Ávila, o setor enfrentou, sim, os impactos da Lava-Jato, da greve dos caminhoneiros, da Copa do Mundo e, agora, das eleições. Tudo isso atrapalha, apesar dos indicadores econômicos serem favoráveis. Ele acredita, no entanto, que os efeitos da crise são imagens no retrovisor. “O mercado de imóveis de luxo ficou descolado de alguns desses fatores”, disse. “Hoje temos uma oferta alinhada com a procura, mas a expectativa é de que, assim que houver uma definição política, comecemos a ver mais negócios.”
A empresa tem hoje um empreendimento de alto padrão, o Residencial Francisco Brennand, na Asa Norte, que tem atraído clientes interessados em mais segurança, sem abrir mão do conforto de morar bem. “O ritmo de vendas deve ser retomado depois das eleições presidenciais, porque muitos estão protelando a assinatura do contrato com medo do que possa acontecer com a economia com a escolha do novo presidente”, afirma o executivo.