A Caixa está de volta ao páreo como opção competitiva na concessão de financiamento da casa própria. Desde o último dia 16 de abril, suas taxas de juro caíram e o volume de recursos cresceu para os empréstimos.
Trata-se de uma notícia positiva para quem pretende comprar imóvel, tanto porque a Caixa passa a ser mais um endereço para bater à porta na busca de um financiamento imobiliário, como porque aumenta a concorrência no mercado.
A hora parece oportuna para ir às compras também por outros motivos. A pasmaceira e as travas do setor imobiliário trouxeram os preços para níveis convidativos. Fatores convincentes, mas não suficientes para uma tomada de decisão.
A compra de um imóvel é um dos passos mais importantes da vida do brasileiro. Ao mesmo tempo em que possa representar a segurança de moradia, a compra está ligada a financiamentos de longo prazo, um compromisso de anos a fio, que envolve riscos.
A economia mostra sinais de recuperação, mas em ritmo bem mais lento do que se esperava. Não dá para contar com estabilidade de emprego e melhora da renda, por enquanto. Ao contrário, o País passa por um momento carregado de incertezas políticas e econômicas, que lançam dúvidas futuras sobre a vida financeira de cada um.
E mesmo antes de bater o martelo, é recomendável ainda se inteirar sobre os mecanismos de funcionamento do crédito habitacional: prazos, tipos de contrato, correção da prestação, riscos de perda do imóvel por falta de pagamento.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, “ é altamente indicado que o comprador procure um advogado especialista em direito imobiliário para entender como funciona o financiamento habitacional, quais são as condições do contrato, como ele deve ser interpretado, além de ter boa educação financeira para honrar com um contrato de longo prazo”.
Condições da Caixa - A taxa de juros cobrada no financiamento de imóvel da Caixa caiu 1,25 ponto porcentual e o limite de crédito para a compra de imóvel usado aumentou de 50% para 70%. Já o teto de empréstimo para a compra de novo foi mantido em 80% do valor do imóvel. As novas regras valem para os empréstimos com recursos da caderneta de poupança, pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
O cliente da Caixa, que pagava juro de 10,25% ao ano, passou a pagar 9% ao ano para a compra de imóveis de até R$ 950 mil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal. Quem não tem relacionamento com a Caixa passou a pagar juro de 10,25% ao ano. O teto para essa modalidade de crédito nos demais Estados do País é R$ 800 mil.
As taxas de juro recuaram também, na mesma proporção, de 11,25% ao ano para 10%, para a compra financiada de imóveis de maior valor, pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). O juro é mais alto nessa modalidade de crédito porque o custo de captação de recursos que financiam essa linha, por meio da colocação de títulos privados, é maior que o da caderneta de poupança, fonte de recursos do SFH.
A Caixa reabriu ainda a modalidade chamada interveniente quitante, em que o mutuário compra o imóvel com a construtora e transfere a dívida posteriormente para o banco. A parcela financiada pela Caixa nessa migração de financiamento também foi ampliada de 50% para 70%.
Novos valores - Para ter uma ideia mais concreta do que representa a queda dos juros de 10,25% ao ano para 9%, no valor da prestação, vale recorrer aos cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Para um financiamento no valor de R$ 950 mil, para pagamento em 30 anos ou 360 meses, o valor da primeira prestação cai de R$ 10.395,49 para R$ 9.485,84.
Na compra de imóvel usado no valor de R$ 450 mil, com financiamento por 30 anos, a prestação inicial recua de R$ 4.924,18 para R$ 4.493,29.
A redução das taxas de juros no financiamento imobiliário deve fazer a Caixa retomar, com certo atraso, a competitividade nesse segmento de crédito. Segundos dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), a manutenção dos juros pela Caixa, apesar das seguidas quedas da taxa básica de juros (Selic), que recuou de 14,25% ao ano, em outubro de 2016, para os atuais 6,50%, e dos cortes de juro feitos pelos bancos privados nessa linha, fez a instituição financeira pública perder recentemente a liderança nos financiamentos imobiliários concedidos com os recursos da caderneta de poupança, pelo SFH.
O corte dos juros feito agora alinha a taxa cobrada pela Caixa com a dos demais bancos privados nessa modalidade de financiamento. Embora elas variem de acordo com o relacionamento desses bancos com o cliente, como ocorre também na Caixa, o piso dos juros no crédito imobiliário pelo SFH está em 9,24% ao ano no Banco do Brasil; 9,3% no Bradesco, 9% no Itaú, e 9,49% no Santander.