(Diário do Comércio – Finanças – 30/10/2019)
A redução do spread, medido pela diferença entre o custo de captação dos bancos e o cobrado aos clientes, será batalha número um do banco central (bc), afirmou o indicado à diretoria de política econômica da autarquia, fabio kanczuk, defendendo a senadores que se comprometerá com a tarefa de diminuição dos juros na ponta caso seja aprovado ao cargo.
Em sabatina na comissão de assuntos econômicos (cae), 16 senadores chancelaram o nome de kanczuk para o posto, enquanto quatro votaram contra. Agora, o plenário do senado ainda precisa analisar sua indicação para que assuma a cadeira na autoridade monetária.
Durante sua participação, kanczuk fez uma defesa enfática da necessidade de queda dos juros aos consumidores e ponderou que os lucros dos bancos no brasil são extremamente elevados em relação ao capital investido.
“é legítimo que a sociedade questione”, disse ele, que atuou como secretário de política econômica do ministério da fazenda no governo do ex-presidente michel temer.
Apesar disso, kanczuk avaliou que a principal causa por trás do alto custo de financiamentos no país é a inadimplência. Em seguida, aparecem os custos administrativos e operacionais, seguidos pelos compulsórios e peso dos tributos e, finalmente, pela margem de lucro das instituições financeiras.
“há lista grande do que fazer para trabalhar nesses pontos”, afirmou ele, destacando que o bc precisa trabalhar na melhoria da recuperação de crédito, que é baixa e demorada no país.
Kanczuk também avaliou que é preciso eliminar o subsídio cruzado sobre o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito.
Ele argumentou que avaliações internas do bc já mostraram que são as pessoas com menor educação financeira que utilizam esses produtos e acabam pagando por seu alto custo, ainda que essas modalidades sejam também ofertadas ao público de renda mais alta – que não as acessam.
Em outra frente, kanczuk disse acreditar que o open banking e aumento de atuação das fintechs irão ser cruciais na “batalha do spread” no brasil.
Em seu discurso inicial, ele avaliou que o principal papel da política monetária conduzida pelo bc é assegurar inflação baixa e estável, sendo que o sistema de metas é uma ferramenta importante para tanto.
Para kanczuk, o sistema tem funcionado “muito bem”, sendo que a banda para a meta de inflação é o que permite que choques momentâneos, como, por exemplo, no preço de alimentos, sejam acomodados.
Selic – sem tecer comentários mais aprofundados sobre sua visão para a selic, kanczuk afirmou que “é com estabilidade monetária que convergiremos para taxas de juros a níveis mais adequados, seguindo sempre firmes no objetivo de contribuir para um ambiente de crescimento econômico sustentável”.
O comitê de política monetária (copom) do bc se reúne hoje para mais uma decisão sobre os juros básicos, com um membro a menos. O economista carlos viana, que comandava a diretoria de política econômica, deixou o cargo no final de setembro, a pedido. Se aprovado, kanczuk participará da próxima reunião, em dezembro, quando o copom voltará a ter nove membros, incluindo o presidente roberto campos neto.
Atualmente, a taxa selic está em 5,50%, seu menor nível histórico, e a expectativa majoritária do mercado é de que seja cortada em 0,5 ponto percentual, no que seria o terceiro corte seguido desta magnitude. (reuters)
Caixa irá reduzir juros para crédito imobiliário - a caixa econômica federal vai anunciar hoje uma redução das taxas de juros para o crédito imobiliário com recursos da poupança.
A medida valerá para os contratos de financiamento de imóveis atualizados pela taxa referencial (tr), segundo o comunicado de entrevista coletiva enviado à imprensa ontem.
O detalhamento da decisão será feito pelo presidente da caixa, pedro guimarães, horas antes do comitê de política monetária (copom) do banco central anunciar o posicionamento para a taxa básica de juros do país, hoje em 5,5% ao ano. A previsão ampla do mercado é de um corte de 0,5 ponto percentual.
Maior concessora de financiamento imobiliário do país, a caixa já anunciou cortes na taxa cobrada para novos financiamentos ao longo de 2019, na esteira dos cortes da selic para mínimas históricas e do aumento da concorrência entre os grandes bancos para oferecer taxas cada vez menores.
Financiamento – o financiamento imobiliário com recursos do sistema brasileiro de poupança e empréstimo (SBPE) atingiu r$ 7,59 bilhões em setembro, maior resultado mensal desde maio de 2015, informou ontem a entidade que representa as instituições que financiam a compra de imóveis, Abecip.
O dado do mês passado representa um crescimento de 54,5% em relação a igual período de 2018. Na comparação sequencial, o avanço foi de 13,2% sobre agosto.
Ainda de acordo com a Abecip, nos primeiros nove meses de 2019, o sistema emprestou R$ 54,7 bilhões para financiar a compra e construção de imóveis, elevação de 34,1% ante à mesma etapa do ano passado. (reuters)