As cotas dos consórcios de imóveis subiram 54,5% em novembro de 2017, contra igual mês de 2016, e bateram o recorde para o período, com 32 mil novas vendas. Incerto sobre o futuro, consumidor adere ao produto como saída para aquisição de bens.
Apesar das sinalizações melhores para o País como inflação, emprego e renda, as incertezas sobre os acontecimentos macroeconômicos e políticos deste ano ainda pesam para o consumidor.
“O que impulsionou as vendas no segmento foi, em grande parte, a incerteza do dia a dia. Além dos custos altos para outros tipos de financiamento, o consórcio acaba sendo uma forma segura de conseguir um bem ou fazer um investimento”, comenta a diretora da Ademilar, Tatiana Reichmann.
O planejamento para a compra da cota, por sua vez, também tem se destacado mais entre os consumidores.
De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), por exemplo, 82% dos consorciados planejaram a adesão ao produto em 2017. O número é 15 pontos percentuais maior do que o observado em 2016 (67%).
Para o presidente executivo da associação, Paulo Roberto Rossi, apesar do conforto maior trazido pela melhora econômica no País, o consumidor planeja e se organiza para não comprometer grande parte do orçamento.
“Dos critérios de escolha, por exemplo, o valor da parcela aparece em primeiro lugar entre os consorciados, enquanto a taxa de administração aparece em último”, pondera Rossi e avalia que a percepção do produto como forma mais barata de financiamento também se destaca.
“A crise veio e deu uma ‘balançada’ no consumidor que está mais consciente e preocupado. Inclusive, muitos deles também começam a olhar para o consórcio como um jeito de conseguir um bem para si em um médio e longo prazo”, acrescenta o executivo.
Nessa linha, outra pesquisa da associação revelou que, mesmo ainda sendo a maioria, o percentual de pessoas que usam o consórcio como investimento reduziu de 60% em 2016 para 54% em 2017, enquanto aqueles que apostam nas cotas como forma de adquirir um bem saíram de 40% para 46% na mesma relação.
“Ainda temos uma taxa de desemprego muito alta e não se sabe quando o ano vai melhorar, por isso os números acabam refletindo isso. A tendência, porém, é que 2018 demonstre um crescimento equivalente ao que vimos no ano passado”, completa Rossi, presidente da Abac.
De acordo com Reichmann, por outro lado, o uso do consórcio como uma alternativa à previdência privada também tem contribuído para o crescimento do setor.
“Aqui, na Ademilar, temos muitos casos de consórcios usados como previdência privada com antecipação. É uma forma que tem mudado com o tempo e ganhado força ante as discussões da reforma da Previdência. A tendência é que isso aumente”, diz a executiva.
Ranking de reclamações - Ainda ontem o Banco Central (BC) divulgou o ranking semestral de reclamações de administradoras de consórcios.
Em primeiro lugar do ranking estava a Cooperativa Mista Jockey Club de São Paulo, seguida pela Caixa Consórcios e pelo Santander Consórcios.
Entre as principais reclamações, o descumprimento de obrigações previstas em contratos estava em primeiro lugar, sendo que o Bradesco e a Caixa empatavam.
Em segundo lugar nas reclamações, apareciam irregularidades relacionadas à liberação de crédito e, em terceiro, insatisfação com a resposta fornecida pela administradora relativa à demanda registrada contra ela, ambas lideradas pelo Bradesco, segundo o BC.