O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), usado na correção de contratos de longo prazo, como aluguéis, subiu 0,70% em agosto, acelerando em relação à alta de 0,51% de julho, informou hoje a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com este resultado, o índice acumula alta de 6,66% no ano e de 8,89% em 12 meses, bem mais que no ano passado, refletindo as pressões do dólar, que atingiu R$ 4,14 este mês, nos preços no atacado. Em agosto de 2017, o índice havia subido 0,10% e acumulava queda de 1,71% em 12 meses. A alta superou a expectativa do mercado, que trabalhava com 0,63% no mês.
O IGP-M é calculado a partir de preços coletados de 11 de um mês a 10 do mês de referência, e é formado por três outros índices, um do atacado, com peso de 60%, do varejo, com 30% de peso, e da construção civil, com 10%. Pelo forte peso do atacado, ele serve de prévia do que pode acontecer nos preços no varejo nos meses seguintes. A atividade fraca e o desemprego alto, porém, têm impedido o repasse total da alta no atacado para o varejo.
Reversão dos preços agrícolas explica aceleração, diz Bradesco
O IGP-M de agosto ficou acima do 0,60% esperado pelo Bradesco, e refletiu a reversão da queda dos preços agrícolas no atacado. O grupo apresentou alta de 1,6%, após recuar 1,8% em julho, com destaque para a aceleração dos preços do leite, soja e milho. No sentido oposto, o IPA Industrial avançou 0,8% no mês, desacelerando ante a alta de 1,3% apurada na leitura anterior, destaca o banco em relatório. Para as próximas divulgações, o Bradesco acredita que os preços agrícolas seguirão pressionando o índice, enquanto os preços industriais devem continuar arrefecendo a pressão.
Atacado acelera para 1% em agosto com alimentos, combustíveis e minério - No atacado, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) passou de alta de 0,50% em julho para 1,00% em agosto. Na análise por estágios de processamento das empresas, a taxa do grupo Bens Finais caiu -0,12% em agosto, menos que os -0,15% no mês anterior. A principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos in natura, cuja queda diminuiu de -11,55% em julho para -4,69%. Sem alimentos in natura e combustíveis, o índice relativo a Bens Finais (ex) registrou alta de 0,24% em agosto, ante 0,99% no mês anterior.
O item Bens Intermediários desacelerou de 2,11% em julho para 0,80% em agosto. O principal responsável pela desaceleração foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura, cujo percentual passou de 2,29% para 0,35%. Sem combustíveis e lubrificantes para a produção, o índice de Bens Intermediários (ex) subiu 0,83% em agosto, ante 2,15% em julho.
Milho, soja e minério em alta; aves café e trigo em baixa - O índice do grupo Matérias-Primas Brutas subiu 2,61% em agosto. Em julho, o índice havia registrado queda de 0,70%. Contribuíram para o avanço da taxa do grupo os seguintes itens: milho (em grão) (-9,53% para 3,68%), minério de ferro (-1,50% para 3,35%) e soja (em grão) (-1,03% para 2,80%). Em sentido oposto, destacam-se os itens aves (8,12% para -0,81%), café (em grão) (-1,84% para -4,91%) e trigo (em grão) (3,17% para -1,29%).
Preços ao consumidor desaceleram para 0,05% com conta de luz - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou quase estável em agosto, com alta de 0,05%, ante 0,44% em julho. Quatro das oito classes de despesa registraram desaceleração. A principal contribuição partiu do grupo Habitação (1,37% para 0,54%). Nesta classe de despesa, vale citar o comportamento do item tarifa de eletricidade residencial, cuja taxa passou 6,65% para 1,33%.
Também desaceleraram os grupos Educação, Leitura e Recreação (1,07% para -0,41%), Transportes (0,28% para -0,29%) e Comunicação (0,35% para 0,21%). As principais quedas vieram de passagem aérea (20,15% para -16,59%), tarifa de ônibus urbano (2,08% para -0,32%) e tarifa de telefone móvel (0,75% para -0,14%).
Pressão em Vestuário, legumes e cigarros - Em contrapartida, caíram menos ou aceleraram os grupos Vestuário (-0,84% para -0,44%), Alimentação (-0,19% para -0,15%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,27% para 0,30%) e Despesas Diversas (0,07% para 0,41%). Nestas classes de despesa, os maiores avanços foram observados para os seguintes itens: roupas (-1,15% para -0,58%), hortaliças e legumes (-21,45% para -10,12%), artigos de higiene e cuidado pessoal (-0,67% para 0,03%) e cigarros (0,11% para 1,31%).
Construção Civil desacelera para 0,30% - O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,30% em agosto, contra 0,72% em julho. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços ficou em 0,65%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,97%. O índice que representa o custo da Mão de Obra não registrou variação, ante 0,51% no mês anterior.