A HM Engenharia - incorporadora do grupo Camargo Corrêa focada na baixa renda - pretende chegar a 2020 com a marca de lançamentos e vendas de R$ 1 bilhão e obter receita nesse patamar no ano seguinte. Para alcançar o Valor Geral de Vendas (VGV) projetado, a HM precisará ser uma empresa de 6 mil unidades, o dobro do patamar atual de 3 mil unidades. A empresa tem foco no programa Minha Casa, Minha Vida, com concentração nas faixas 1,5 e 2.
Em 2018, a incorporadora pretende lançar R$ 700 milhões, com alta de 92% ante o VGV de R$ 365 milhões do ano passado. A HM projeta vendas líquidas de R$ 500 milhões, 23% acima dos R$ 406 milhões de 2017. Os lançamentos vão se concentrar no segundo semestre. Por enquanto, a incorporadora apresentou R$ 80 milhões em projetos ao mercado. No ano passado, os lançamentos cresceram 13%, e as vendas aumentaram 73%.
Com a expansão de lançamentos e vendas, além do avanço de obras, a receita líquida teve alta de 26%, em 2017, para R$ 429,7 milhões. Já a margem bruta caiu de 33% para 28% em decorrência da redução de 12% do tíquete médio das unidades, para R$ 150 mil. O lucro líquido subiu 14%, para R$ 56 milhões. A HM gerou R$ 41 milhões no ano passado de caixa e caixa líquido de R$ 14,1 milhões.
Fundada em por Henrique Bianco em 1976, a HM teve seu controle comprado pelo grupo Camargo Corrêa em 2007, após a abertura de capital da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI). Naquele momento, o grupo considerou que a atuação da HM na baixa renda era complementar ao da CCDI nos padrões médio e alto. Dois anos depois, a Camargo Corrêa assumiu a totalidade da HM.
Há cinco anos, a estrutura gerencial da HM foi separada da CCDI e a empresa responde, diretamente, à holding por meio de conselho de administração próprio. Em dezembro, a incorporadora se desligou da estrutura da CCDI.
A sucessão do fundador à frente da HM começou há dois anos. Durante o processo, os nomes dos atuais diretores executivos - Sylvia Bianco e Mauro Bastazin - foram apresentados como candidatos por Henrique Bianco. A avaliação dos dois candidatos foi que o mais adequado seria a gestão compartilhada e, desde meados de 2017, eles dividem o comando.
Na empresa há 18 anos, Sylvia é filha do fundador e foi diretora de incorporação e novos negócios. Bastazin, que fez parte dos quadros da Camargo Corrêa, está na HM há dez anos, tendo passado pela diretoria financeira. Sylvia conta que, embora o fundador não faça parte do conselho da HM e tenha saído do dia a dia da empresa, aconselha a direção e participa das decisões estratégicas.
Fundada em Barretos (SP), a HM atua nas regiões metropolitanas de Campinas e São Paulo e na Baixada Santista. Em algumas cidades médias do interior do Estado, a empresa constrói, além de prédios, empreendimentos horizontais, também enquadrados no programa habitacional. A concentração de lançamentos no segundo semestre já estava prevista, de acordo com a diretora, e não resulta de atrasos na obtenção de licenças. "Já vínhamos desenvolvendo o banco de terrenos a partir de glebas muito grandes que demandam anos para aprovação", diz Sylvia.
Na avaliação de Bastazin, há espaço para crescimento da empresa mesmo com a concorrência com incorporadoras de maior porte, como MRV Engenharia e Tenda. "Quando alcançarmos o patamar de R$ 1 bilhão, teremos 5% de participação de mercado do Estado de São Paulo", conta o executivo. Não há preocupação também, segundo ele, com a continuidade do programa habitacional em decorrência de potencial mudança de governo, por se tratar de "política de estado que veio para ficar".