O grupo francês Saint-Gobain está mantendo sua projeção de expansão do faturamento das vendas para o setor de construção civil, no Brasil, de 5% a 6%, em 2018, apesar do crescimento de 8% no acumulado de janeiro a maio. De acordo com o presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile, Thierry Fournier, o aumento das incertezas políticas leva o grupo francês a esperar que, na segunda metade do ano, o crescimento seja menor do que o inicialmente esperado no país.
“Estou mais cauteloso do que no início do ano. As incertezas políticas estão maiores do que prevíamos”, conta Fournier. Para o Produto Interno do Brasil (PIB), o presidente da Saint-Gobain tem expectativa de alta de 1,2%. Essa expansão é inferior à mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira, de 1,55%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, divulgada na última segunda-feira.
“Mesmo com o aumento das incertezas, nossa estratégia de continuar crescendo não mudou”, diz o executivo. Segundo ele, o que pode mudar é a maneira para implantação dessa estratégia. O grupo pretende investir no aumento da capacidade de produção de vidros planos, telhas de fibrocimento e argamassas, no Brasil, nos próximos três anos.
Conforme os rumos da política, porém, o grupo poderá postergar o início desses investimentos, segundo Fournier. “Mas nada foi decidido por enquanto”, diz o presidente da Saint-Gobain no Brasil.
Os patamares da expansão da receita total do grupo no país, até maio e projetados para o ano, são semelhantes aos das vendas para o setor de construção. Em 2017, as vendas da Saint-Gobain para o setor de construção cresceram 1%, abaixo da alta de 6,4% do faturamento consolidado do grupo no país, que chegou a R$ 10 bilhões.
Do total das vendas no Brasil, 35% são para reformas, 30%, para novas construções e os demais 35%, para outros mercados, como infraestrutura e setores automotivo e farmacêutico. Mais de dois terços das vendas são oriundas da atividade de construção.
Há duas semanas, a Saint-Gobain anunciou aumentos de preços no patamar de 5% a 17% com entrada em vigor em julho, para repassar parte das altas de custos decorrentes da desvalorização do real, das altas de gás natural e energia elétrica e do tabelamento do frete. Sem informar a que produtos cada variação se refere, Fournier conta que os maiores ajustes ocorreram em itens dos negócios mais impactados pelos incrementos dos custos de frete e energia.
“Cerca de 35% dos nossos custos são dolarizados. Recentemente, foi anunciado aumento de 21% no gás natural e de 17% em energia elétrica”, diz. Segundo o executivo, as margens do grupo foram pressionadas em junho. “Por sorte, tivemos volumes bons de vendas pois os estoques dos distribuidores caíram um pouco”, afirma Fournier.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a Saint-Gobain conseguiu crescer 8%, apesar da queda de 12% registrada nas vendas de maio em decorrência da greve dos caminhoneiros. As dificuldades de recebimento de matérias-primas e de transporte dos produtos para os clientes resultaram na interrupção da produção de quase 50 fábricas (de um total de 59 unidades no país) entre 21 e 30 de maio.
O aumento das vendas de produtos da Saint-Gobain para reformas foi a principal razão para o crescimento registrado de janeiro a maio. Segundo Fournier, houve ganho de participação de mercado das telhas de fibrocimento e das placas de gesso. A recomposição dos estoques de vidro dos distribuidores para abastecer os setores automotivo e de construção também contribuiu para o aumento das vendas, assim como novos produtos apresentados ao mercado.
No setor de construção, o grupo atua por meio da Brasilit (telhas de fibrocimento e caixas d’água), Weber (rejuntamentos e argamassas com a marca Quartzolit), Placo do Brasil (drywall), Pam (tubos, conexões e válvulas), Isover (soluções de isolação termoacústica e em lã de vidro) e Cebrace (vidro plano). A Saint-Gobain participa do varejo de materiais pela Telhanorte.