Com a poupança voltando a atrair recursos desde o ano passado, o crédito imobiliário se torna mais interessante para os bancos. As instituições têm de destinar a essa modalidade 65% do volume captado pela caderneta. De janeiro a maio, a entrada líquida foi de R$ 1,7 bilhão.

A poupança é a grande fonte dos bancos para o financiamento à habitação - a Caixa opera também com o FGTS. Mas a expectativa de construtoras e instituições financeiras é que, permanecendo um cenário de Selic baixa, o funding pode se diversificar.

Um desses caminhos são as letras imobiliárias garantidas (LIG), título de renda fixa garantido pela instituição financeira e por uma carteira de créditos imobiliários. O Banco Inter já manifestou planos de fazer uma emissão na segunda metade deste ano.

No entanto, taxas de juros mais baixas também tendem a atrair mais gestoras de crédito privado. A RB Capital estuda a possibilidade de abrir um novo fundo de dívida para financiar construtoras. A casa tem um fundo com esse perfil, mas ele está em fase de desinvestimento. Hoje, a gestora atua como sócia das incorporadoras em projetos.

"Com a queda da Selic, tem espaço para fundos de dívida", afirma Régis Dall'Agnese, sócio-gestor da RB, que aguarda uma recuperação mais sólida do setor para tomar uma decisão a respeito.

Por enquanto, bancos e gestores aguardam uma maior clareza sobre a trajetória futura dos juros - dificultada pela proximidade das eleições, entre outros fatores. Embora a Selic tenha recuado para 6,5% ao ano, as taxas para além de cinco anos ainda são de dois dígitos. Segundo um executivo de banco, isso limita a queda das taxas dos contratos de crédito imobiliário, que são de longo prazo.