(O Globo – Economia – 05/08/2019)
Rennan Setti, Gabriel Martins e Pollyanna Brêtas
A Caixa divulga nesta segunda o calendário para a retirada dos R$ 500 do saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ( FGTS ), e especialistas recomendam que os recursos sejam investidos em aplicações que rendam mais que o fundo, mas sem abrir mão da segurança.
O FGTS sempre rendeu menos que a maioria dos investimentos. Este ano, porém, o Fundo passará a distribuir 100% dos lucros aos cotistas, elevando sua rentabilidade anual a 6,18%, calcula Mario Avelino, do Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador.
Isso é mais do que a taxa básica de juros, a Selic (6% ao ano), e que a poupança, que rende 70% da Selic. Mesmo assim, economistas argumentam que, no FGTS, o dinheiro não pode ser sacado quando se deseja. Além disso, não se sabe quanto o Fundo lucrará no futuro, o que dificulta a previsibilidade.
Para quem não tem nenhuma reserva de emergência, o ideal são aplicações que permitam o resgate a qualquer momento sem chance de perdas, lembra Virgínia Prestes, professora de Finanças da Faap. Uma delas é o Tesouro Selic. A aplicação mínima está em R$ 102,37 e, nos últimos 12 meses, ele rendeu 6,37% (como a Selic caiu, renderá menos daqui para frente).
Além do Tesouro Selic - Semelhante ao Tesouro Selic é o fundo DI. Como estratégia de atração de clientes, as plataformas Órama e BTG Pactual Digital lançaram há alguns meses fundos DI que não cobram taxas. Assim, esses investimentos são mais vantajosos que o Tesouro Selic, já que o Tesouro Direto cobra taxa de custódia de 0,25% ao ano. No fundo da Órama, o investimento mínimo é de R$ 100; no BTG, de R$ 500.
— Para prazos de até seis meses, até a poupança vale a pena, já que tanto o Tesouro como os fundos são tributados, e o imposto é de 22,5% em prazos curtos. No caso dos fundos, a maioria ainda cobra taxa — pondera Virgínia.
Os trabalhadores também podem investir em títulos prefixados, que rendem uma taxa já conhecida na hora da aplicação, e os indexados, que pagam juros pré-determinados mais a inflação do período. Eles podem proporcionar ganhos maiores que o Tesouro Selic. O Tesouro Prefixado que vence em 2025, por exemplo, está pagando 6,91% ao ano.
A observação é que o valor desses papéis varia. Quem quiser sacar antes do vencimento pode ter prejuízo.
— Mesmo com a Selic a 6%, há indicação de novos cortes em breve. Isso pode valorizar os títulos prefixados comprados agora — destaca Filipe Pires, coordenador do MBA em Finanças do Ibmec/RJ.
Se o trabalhador não quiser assumir o risco sozinho, ele pode procurar fundos de investimento de renda fixa. Os fundos da categoria Renda Fixa Duração Alta Soberano, por exemplo, renderam em média 21,5% nos últimos 12 meses. Mas fundos cobram taxa de administração, e seus desempenhos variam entre os gestores.
Investimentos isentos - Segundo Pires, é interessante buscar títulos de renda fixa emitidos por bancos:
— O ideal é focar em investimentos de baixo custo administrativo e isenção tributária. É o caso das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que são cobertas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso permite optar por Letras de bancos menores, que rendem mais, com risco reduzido.
As LCIs são emitidas por bancos, rendem um percentual da Selic e não pagam IR nem IOF. Há alguns anos, só se conseguia comprar uma LCI com mais de R$ 10 mil. Hoje, já há títulos a partir de R$ 100. O lado negativo ainda é a carência mínima de 90 dias, ponderou Pires.
Retirada pode ser feita em lotéricas - Os trabalhadores poderão efetuar a retirada do saque emergencial do FGTS em qualquer casa lotérica do país. A Federação Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot) definiu com a Caixa Econômica Federal a participação das lotéricas no esquema especial de atendimento, que deve começar em setembro.
A medida prevê que o trabalhador poderá sacar até o limite de R$ 500 por conta vinculada do FGTS, ativa ou inativa. O limite para saques do Fundo em lotéricas é de R$ 3 mil.
Segundo o presidente da Febralot, Jodismar Amaro, o saque nas lotéricas será autorizado com a apresentação de um documento oficial com foto, o Cartão Cidadão e a senha.