(Valor Econômico – Empresas – 28/08/2019)
Chiara Quintão
O presidente da Even Construtora e Incorporadora, Leandro Melnick, afirmou nesta terça-feira que o novo ciclo de crescimento tem tudo para ser melhor do que o de 2008, como consequência de o mercado estar mais maduro. “Está muito evidente que o governo atual acredita na tese que a construção civil é o grande segmento para a reconstrução econômica do país”, afirmou o executivo, que participou nesta terça-feira da convenção Secovi-SP, em São Paulo.
A opinião também é corroborada pelo copresidente da MRV Engenharia, Rafael Menin, que disse estar muito otimista nesses oito meses de governo. “Estou otimista de que vamos ter um país muito bacana em pouco tempo”, afirmou. É possível, segundo o copresidente da MRV, que o país esteja entrando em “um ciclo de crescimento que dure mais tempo”.
Menin também afirmou que espera pela retomada do financiamento para as faixas 1,5 e 2 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida nesta semana. Na última segunda, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou o mesmo, com a liberação dos RS 20 milhões que faltam do Orçamento Geral da União (OGU) para essa finalidade.
Também presente no evento, o presidente do grupo GJP Hotels e fundador da CVC, Guilherme Paulus, afirmou que existe uma retomada do mercado hoteleiro e “uma confiança que o Brasil não vai parar de crescer nunca”. “Este é um momento muito importante para a economia”, disse.
Segundo Paulus, está nas mãos dos empresários construir o país. Ele afirmou que ainda levará um tempo até que a liberação dos vistos para a entrada de americanos, japoneses e australianos no país se reflita em incremento do turismo no país.
Crédito imobiliário atrelado ao IPCA - Por outro lado, para o fundador e vice-presidente do conselho de administração da Tecnisa, Meyer Nigri, a possibilidade de atrelar o saldo devedor do financiamento imobiliário feito pela Caixa Econômica Federal ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é “uma revolução”. “É uma conquista, uma das maiores que já vi no setor”, afirmou.
O empresário ressaltou que a mudança do indexador de TR (taxa referencial para IPCA) possibilita mais equilíbrio entre o valor pago na primeira parcela do financiamento em relação à última. Segundo ele, descontada a inflação, a primeira parcela no Sistema de Amortização Constante (SAC), no financiamento tradicional, é 11 vezes maior do que a última.
Nigri contou que defende, há cinco anos, o atrelamento do saldo devedor do financiamento imobiliário ao IPCA. O empresário disse que fez a proposta a Paulo Guedes, atual ministro da Economia, antes de Jair Bolsonaro ter assumido o cargo de presidente. “Mas a prioridade de Paulo Guedes era a Previdência”, disse. Em janeiro, conversou sobre o tema com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. O fundador da Tecnisa disse que retomou o assunto com Guedes e Guimarães, em maio, quando Bolsonaro recebeu a premiação de Personalidade do Ano no Texas. “Foi quando disseram: compramos sua ideia do IPCA”, disse Nigri.
Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, a possibilidade de atrelar o saldo devedor do financiamento imobiliário feito pela Caixa ao IPCA vai impulsionar o crescimento da Letra Imobiliária Garantida (LIG) como instrumento de crédito para o setor, segundo “Já foram emitidos R$ 7,6 bilhões em LIG, apesar de a regulamentação do instrumento ter saído no ano passado”, disse.
O representante setorial afirmou que o fundo do poço do mercado imobiliário foi em 2016, e o dos financiamentos para o setor, em 2017. O economista-chefe do Secovi-SP citou que 47 mil unidades foram lançadas na cidade de São Paulo nos últimos 12 meses, no total de R$ 24 bilhões, sendo R$ 4 bilhões do total referente a unidades enquadradas no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. “Vamos ter, em 2019, um número melhor do que o do ano passado em lançamentos e vendas”, disse Petrucci.