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Em reviravolta, Gafisa muda de dono

15/02/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Econômico – Empresas – 15/02/2019)

Chiara Quintão, Maria Luíza Filgueiras, Rodrigo Rocha e Marcelle Gutierrez

O GWI Group, do gestor Mu Hak You, deixou de ser o maior acionista da Gafisa. Ele vendeu ontem, em leilão, 33,67% das ações ordinárias da incorporadora a um grupo de investidores representados pela corretora Planner, segundo o Valor apurou. A venda dessa fatia expressiva marca o fim de um período conturbado desde que Mu Hak se tornou acionista majoritário da empresa, no fim de setembro, elegeu novo conselho de administração, demitiu boa parte da diretoria e adotou medidas polêmicas na gestão.

Agora, será a vez do grupo de investidores que se tornou majoritário mudar o conselho de administração da Gafisa. É provável também que a atual presidente, Ana Recart, que foi indicada pela GWI para o cargo, seja substituída. Os novos acionistas majoritários ainda não tinham participação no capital da companhia. Procurada, a Planner não comentou o assunto.

Ontem, foram comercializadas 14,6 milhões de ações ao preço de R$ 9 por papel. Nesta semana, a Planner ofereceu a vários participantes do mercado a fatia da GWI na Gafisa - que era de 49,9% até antes do leilão - ao preço de R$ 9 a R$ 9,5 por papel, segundo fontes. Como essa iniciativa não foi bem sucedida, a alternativa foi levar boa parte dos papéis a leilão.

Realizado entre 15h10 e 17h50, o leilão movimentou R$ 131,4 milhões com a venda de 14,6 milhões de ações ao preço de R$ 9 por papel.

A GWI foi forçada a colocar à venda um lote significativo das ações que detinha na incorporadora, atropelando os planos de Mu Hak de uma negociação de venda com prêmio. A GWI estava sob pressão da corretora Planner e da própria bolsa para cobrir margens de garantia de suas posições alavancadas no mercado acionário - se o gestor não deposita garantias extras para mostrar que pode cumprir contratos, a corretora pode fazer a execução das posições à revelia.

Mu Hak tem principalmente contratos a termo, em que acerta a compra ou venda futura de ações por preço previamente determinado. Se essas ações têm variação relevante de valor ou se o contrato está perto do vencimento, pode haver a tal chamada de margem, para cobrir as posições. Mu Hak utilizou operações a termo inclusive para montar a posição mais rapidamente na Gafisa.

Levantamento feito pelo Valor indica que as obrigações de contratos a termo a pagar dos seis fundos da GWI totalizavam R$ 35,46 milhões em janeiro. O gestor tentava uma negociação melhor diretamente com potenciais interessados em assumir a companhia, como as gestoras Cerberus e Starboard - mas nenhum comprador faria a transação na agilidade que a GWI precisava para honrar seus contratos financeiros.

No início do leilão de ontem, a avaliação do mercado era que, ao preço de R$ 10,20 que as ações operavam, não haveria comprador para os papéis dada a desconfiança do mercado sobre a atual administração e o desconhecimento sobre os números atuais da companhia. Durante o leilão, o preço acabou sendo reduzido, até que houvesse comprador para as ações.

No fechamento do pregão da B3, as ações da Gafisa estavam cotadas a R$ 9,40, com desvalorização de 12,8%. Foi o menor preço para os papéis da incorporadora desde 10 de julho de 2017, quando a ação fechou a R$ 9,37. Desde a entrada do grupo GWI entre os acionistas relevantes (com fatia maior que 5%) da Gafisa até o fechamento de ontem, os papéis da companhia acumularam desvalorização de 30,11%.

O primeiro documento entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando movimentação do grupo GWI nas ações da Gafisa data de 27 de outubro de 2017, quando a ação da incorporadora valia R$ 13,45. Nesse período, a cotação máxima foi atingida nos dias 3 e 18 de janeiro de 2018, quando as ações fecharam os respectivos pregões negociadas a R$ 20,60. Nessa ocasião, o GWI já havia saltado de 5% para cerca de 20% de participação.

O valor mínimo do papel foi registrado em 27 de março, quando valia R$ 9,47. Em 2 de agosto de 2018, quando a gestora solicitou convocação de assembleia para destituir o conselho da Gafisa, o papel era negociado a R$ 12,23. Na época, a fatia da gestora era de aproximadamente 25%.

A execução de ações da Gafisa como garantia de posição da gestora da GWI acontece em um momento de desempenho negativo dos fundos da gestora. Os quatro principais fundos acumulam perdas de 86,05% a 95,76% no ano. O fundo com desempenho mais crítico nesse período é o High Value. No longo prazo, o pior desempenho é do fundo Leverage que, desde a criação em 2004, perdeu 99,99%. Além de Gafisa, o fundo tem posições alavancadas também em Pão de Açúcar e Marfrig.

A Gafisa era a primeira empresa em que, como ativista, Mu Hak conseguiu assumir a administração e o conselho por meio de seus indicados. Durou pouco. Procurados pela reportagem, o escritório que representa a GWI, Almeida Advogados, não comentou, e a gestora não retornou ao pedido de entrevista. A Gafisa também não concedeu entrevista.

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