As eleições têm afetado mais o crédito para pessoa jurídica do que a demanda pelas famílias, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, durante evento da Associação dos Analistas (Apimec), em São Paulo. Conforme o executivo, as empresas têm realizado só operações de curto prazo, principalmente, para capital de giro à espera de uma definição da disputa para presidente.
De acordo com Lazari, as pessoas físicas, no entanto, têm buscado crédito. "Quem está empregado está buscando crédito, é só ver o crescimento de linhas como consignado, imobiliário ou veículos".
Segundo o presidente do Bradesco, "nunca vimos uma eleição como essa", em termos de incerteza sobre quem vai vencer. Apesar do cenário nebuloso, Lazari diz estar otimista com os rumos após a votação. "A agenda está dada, seja quem vencer, depois tudo vai convergir para uma mesma direção." Para o executivo, a questão do equilíbrio fiscal vai se impor porque "não tem mais jeito, tem de resolver".
Hoje, afirma, o câmbio tem refletido essas incertezas políticas e esse patamar "acima de R$ 4 por dólar não reflete os fundamentos do país". Depois das eleições, a tendência é que a taxa de câmbio volte a um equilíbrio, entre "R$ 3,70 e R$ 3,80."
No crédito, Lazari destaca a estratégia do banco de crescer no consignado, imobiliário e veículos. No caso das empresas, o executivo diz esperar um crescimento da demanda por crédito de longo prazo quando "a economia voltar a crescer" e as incertezas políticas se dissiparem. "O crédito corporativo ainda não andou neste ano e só deverá deslanchar quando a economia se recuperar", afirma.
Lazari disse que a inadimplência deve continuar caindo nos próximos meses porque as novas safras de crédito têm "alta qualidade".
Ele destacou que o banco se tornou líder no financiamento imobiliário e que essa tendência deve se acentuar. "Estamos R$ 2 bilhões acima do segundo lugar", disse.
Uma das estratégias do banco para este e o próximo ano nas operações de varejo é crescer em termos de vendas de produtos para a carteira de não correntistas. Segundo Lazari, o Bradesco tem 43 milhões de clientes que, embora tenham relacionamento com o banco, não mantêm conta corrente na instituição. "Temos de conquistar esse público, que consome produtos como seguros, investimentos, previdência", diz. "Não necessariamente torná-lo correntista, que é mais um produto do banco, mas entender a necessidade dessa pessoa e elevar sua experiência conosco."
O Bradesco criou até mesmo uma diretoria para não correntistas para atender esse público, afirma Lazari. "É uma base que já está dentro da casa e tem potencial enorme" para novos negócios.
Na reunião da Apimec, o vice-presidente de tecnologia do banco, Mauricio Minas, também foi questionado sobre a concorrência com as startups financeiras. "No futuro, as fintechs podem fazer parte do nosso modelo de negócio. As fintechs podem nos complementar", disse.