(Valor Econômico – Empresas – 06/11/2018)
Chiara Quintão e Ivan Ryngelblum
A Duratex está "totalmente preparada" para capturar a recuperação do mercado e espera um "ano mais fortalecido" em 2019, segundo o presidente da companhia, Antônio Joaquim de Oliveira. A empresa tem em capacidade instalada suficiente para o crescimento previsto. De acordo com o executivo, a companhia está buscando os patamares de rentabilidade de 2013, mas ainda não é possível projetar quando isso será alcançado.
A Duratex vai encerrar o ano com receita e Ebitda recorrente superiores aos de 2017, segundo o diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores, Henrique Haddad. Há expectativa também de margens menos pressionadas neste quarto trimestre, principalmente, devido à valorização recente do real. De acordo com o diretor, a definição eleitoral - Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República - contribui para a redução da volatilidade.
No terceiro trimestre, as margens da companhia foram pressionadas pelo real desvalorizado e pelos preços das commodities (cobre e zinco), de metanol e papel e por aumentos de custos com frete. A Duratex obteve margem bruta de 28,3%, de julho a setembro, abaixo dos 29,1% do mesmo período do ano passado.
No trimestre, a Duratex obteve lucro líquido de R$ 376,3 milhões, 4,5 vezes maior do que os R$ 83,1 milhões do mesmo período de 2017. O resultado foi impactado pela venda de terras e florestas para a Suzano Papel e Celulose e por despesas relacionadas à venda para o grupo Eucatex de instalações e equipamentos destinados à produção de chapas finas de fibra de madeira. Excluindo eventos não recorrentes, o lucro líquido da Duratex cresceu 18%, para R$ 61,5 milhões, alta de 18%.
A receita líquida cresceu 48,4%, para R$ 1,512 bilhão - R$ 235,1 milhões se referem à venda de florestas para a Suzano. No terceiro trimestre, a Duratex fez aumentos de 4% nos preços de metais da divisão Deca. No período, não houve mudanças nos preços de louças sanitárias. A companhia havia feito ajustes de 4% em todo o portfólio da Deca - divisão de louças e metais sanitários - no segundo trimestre.
Na divisão Madeira, a Duratex elevou os preços de painéis MDP em torno de 8%, no terceiro trimestre, e em parte das linhas de MDF, houve aumento médio de 4%. A companhia vai terminar o ano com aumento de 18% em MDP e de 15% em MDF. Esses percentuais incluem todos os aumentos de painéis anunciados em 2018.
No fechamento do trimestre, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda dos últimos 12 meses era de 2,32 vezes, ante 2,59 vezes no fim de julho. Segundo Haddad, há expectativa que a alavancagem da Duratex caia para menos de duas vezes até o fim de 2018. A alavancagem tem caído tanto pelo aumento do Ebitda quanto pela redução do endividamento.
A venda de terras e florestas para a Suzano contribuiu, fortemente, para a queda do endividamento, e houve também geração de caixa nas operações correntes. A operação foi dividida em duas tranches - uma de R$ 308 milhões e outra de R$ 750 milhões. Em dezembro, a Duratex receberá os R$ 150 milhões restantes da primeira tranche e, em meados de 2019, os R$ 375 milhões que faltam da segunda. Esses valores terão impacto apenas no caixa, sem efeito na receita e no resultado líquido.
A Duratex pretende ajustar ativos da Deca às necessidades de operação, de acordo com Oliveira, assim como já fez na divisão Madeira. Nos próximos 18 meses, a Deca pretende buscar novas formas de receita em diferentes categorias de produtos e serviços, melhorar a eficiência industrial e logística e reforçar a inovação.
Oliveira informou também que a Duratex considera a consolidação no setor cerâmico, no qual atua por meio da Ceusa, desde que o negócio atenda a um público de maior poder aquisitivo, com margens maiores. Está em curso a expansão da capacidade de produção de revestimentos da Ceusa.