A "fintech" Creditas captou R$ 23 milhões por meio da emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) lastreados em contratos de financiamento com garantia de imóveis. Com isso, a empresa estreia nas emissões baseadas no "home equity", como é chamada essa modalidade de crédito. "Foi uma emissão pequena, inaugural, mas que abre uma nova frente de funding para nós", diz Sergio Furio, presidente e fundador da Creditas.

A empresa, que oferece crédito com garantia em imóveis e veículos, vinha se financiando por meio de capital próprio ou de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC).

A operação segue um entendimento manifestado em janeiro pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de que é possível usar contratos de crédito com garantia em imóveis para fazer emissões de CRI. Na ocasião, a autarquia respondeu a um questionamento feito pela paranaense Barigui, que também atua com "home equity" e captou cerca de R$ 12 milhões.

Segundo Furio, a emissão do CRI tem um custo aproximadamente 2% inferior ao dos fundos. Os títulos têm prazo de 15 anos e foram vendidos a IPCA mais 8,5% no caso das cotas seniores, que representam 90% do total. As cotas mezanino saíram a IPCA mais 10,3%. A Creditas não colocou capital na operação, mas ficará com o excedente de valorização dos papéis, se houver.

A emissão foi coordenada pela CM Capital Markets e contou com a Apice como securitizadora. A Vórtx é o agente fiduciário.

A Creditas tem planos de fazer nova emissão de CRI, com volume maior, ainda neste ano. A ideia é que os títulos e os FIDCs coexistam como fontes de recursos. A fintech tem uma carteira de crédito ativa de R$ 350 milhões e a expectativa é fechar o ano com R$ 500 milhões. Segundo Furio, a receita do primeiro semestre superou em oito vezes a obtida no mesmo período do ano passado.